Tiktok vira ‘máquina de dinheiro’ e EUA retomam as ameaças
Nesta semana, ecoou no mercado financeiro global a notícia de que uma gestora brasileira de investimentos, IP Capital, zerou as aplicações na Meta, de Mark Zuckerberg.
Foi “por causa do Tiktok”, no título da Bloomberg, que citou a explicação da gestora aos clientes: “A concorrência por tempo ficou mais dura devido à incrível capacidade do Tiktok de reter a atenção”. A IP vê “apelo universal” e crescente na plataforma chinesa.
Em seguida, a revista do grupo, Bloomberg Businessweek, deu números ao que acontece, sob o título “Tiktok liga a máquina de dinheiro”. Levantou US$ 4 bilhões em receita publicitária em 2021 e deve atingir US$ 12 bilhões em 2022.
A projeção, da consultoria emarketer, supera as receitas somadas de Twitter e Snap. Mas sua sombra maior é sobre o duopólio publicitário das plataformas da Meta, de Facebook e Instagram, e da Alphabet, de Google e Youtube.
No caso do Youtube, também um aplicativo de vídeo, a emarketer avalia que o Tiktok vai alcançá-lo a partir de 2024.
Em relação às redes da Meta, a chinesa tem menos usuários: 1 bilhão contra 2,9 bilhões do Facebook e 2 bilhões do Instagram. Mas supera ambas em tempo do usuário: 29 horas por mês, contra 16 no Facebook e 8 no Instagram.
O resultado desastroso da Meta no primeiro trimestre foi creditado ao Tiktok, anota a Bloomberg. E a americana teria “contratado consultores para campanhas políticas contra o aplicativo nos EUA, inclusive artigos de opinião”.
Eco ou não das campanhas, veículos estabelecidos vêm produzindo textos alarmistas, caso do Vox nesta semana, tratando o Tiktok como um risco também para a TV tradicional e para o streaming, e do próprio New York Times, este com viés de Guerra Fria.
O argumento usado no jornal, para cobrar a tomada da plataforma chinesa por capital americano, é o tempo que o usuário dedica a ela. “Quem controla a nossa atenção controla o nosso futuro. Trump estava certo, e Biden deve terminar o que ele começou.”
Enquanto a pressão não tem efeito, o Tiktok se prepara para adotar o que sua versão na China, Douyin, estreou há dois anos: tornar-se uma plataforma completa de comércio eletrônico, com lojas, ferramentas de pagamento, apoio ao consumidor, num “super app”.