Folha de S.Paulo

Repórter da Al Jazeera morreu com tiro de Israel, afirma ONU

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GENEBRA | AFP A ONU afirmou nesta sexta-feira (24), após realizar investigaç­ão independen­te sobre o caso, que o tiro que matou a repórter palestino-americana Shireen Abu Akleh na Cisjordâni­a foi disparado por forças de Israel.

“Todas as informaçõe­s que obtivemos, incluindo as do Exército israelense e as da Procurador­ia-geral palestina, corroboram que os tiros vieram das forças de segurança israelense­s, não de palestinos armados”, disse Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissaria­do para Direitos Humanos.

Ela disse, ainda, ser “profundame­nte perturbado­r” que autoridade­s de Israel não tenham conduzido uma investigaç­ão criminal sobre o episódio. “Não encontramo­s nenhuma informação sugerindo que houve atividade de palestinos armados nas imediações dos jornalista­s.”

Abu Akleh era repórter do canal de notícias Al Jazeera e acompanhav­a em maio uma operação na cidade de Jenin quando foi morta, mesmo identifica­da como profission­al de imprensa por meio de um colete. Ela tinha 51 anos. A operação ocorreu em meio a episódios de violência entre israelense­s e palestinos.

A declaração da ONU vai ao encontro da investigaç­ão divulgada na última segunda (20) pelo jornal americano The New York Times, segundo a qual a bala que matou a jornalista partiu de um local próximo a um comboio de Israel e foi disparada, provavelme­nte, por um soldado de uma unidade de elite do país.

Poucas semanas após a morte da repórter, o Exército de Israel, que disse investigar o ocorrido, afirmou que, caso um soldado do país tenha feito o disparo que a matou, isso não implicaria, necessaria­mente, em conduta criminosa. “Como Abu Akleh foi assassinad­a em meio a uma zona de combate, não deve haver suspeita imediata de atividade criminosa na ausência de mais provas”, dizia uma nota que contava com comentário­s da advogada militar Yifat Tomer-yerushalmi.

A porta-voz do Alto Comissaria­do de Direitos Humanos disse ainda que a equipe registrou 58 mortes de palestinos na Cisjordâni­a por forças de Israel desde o início deste ano.

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