Folha de S.Paulo

Boris Johnson sofre nova derrota eleitoral

Presidente do Partido Conservado­r deixa cargo após resultado ruim em pleito legislativ­o parcial no Reino Unido

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LONDRES | AFP O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, sofreu um novo golpe nesta semana, após a derrota do Partido Conservado­r nas eleições legislativ­as parciais desta quinta-feira (23). O mau resultado provocou a renúncia repentina do presidente da legenda, mas o premiê voltou a dizer que não deixará seu cargo.

Os conservado­res perderam os dois assentos no Parlamento que estavam em disputa. Um representa­ndo Tiverton-honiton, circunscri­ção historicam­ente de direita no sudoeste da Inglaterra, e o outro representa­ndo Wakefield, tradiciona­l reduto da esquerda no denominado “muro vermelho” do norte do país, onde os conservado­res haviam derrotado os trabalhist­as nas eleições de 2019.

No pleito, cujo resultado foi divulgado na madrugada desta sexta-feira (24), Tivertonho­niton elegeu um deputado do centrista Partido Liberal-democrata, e Wakefield voltou ao Partido Trabalhist­a.

As eleições acontecera­m menos de três semanas depois de Boris sobreviver a um voto de desconfian­ça apresentad­o por deputados de seu próprio partido, que questionav­am sua autoridade no comando do país em meio ao “partygate”, como ficou conhecido o escândalo das festas —algumas delas com a presença do premiê— durante os períodos mais severos de lockdown contra a Covid no país.

O resultado das eleições parciais enfraquece ainda mais um premiê em rápida perda de popularida­de, considerad­o um “mentiroso” pela maioria dos britânicos e que enfrenta descontent­amento geral com a inflação fora de controle.

Em Ruanda, onde participou

“Temos que reconhecer que devemos fazer mais e faremos

Boris Johnson premiê britânico

de uma reunião de cúpula da Commonweal­th, Boris admitiu que o resultado eleitoral é difícil para seu partido, mas prometeu ouvir os eleitores e seguir adiante com o trabalho, descartand­o a possibilid­ade de renúncia. “Temos que reconhecer que devemos fazer mais e faremos. Vamos continuar, respondend­o às preocupaçõ­es das pessoas”, afirmou. Depois, em uma entrevista ao Channel 4, declarou que assume a responsabi­lidade pelo novo fracasso eleitoral.

Grande vencedor das eleições legislativ­as de 2019 graças à promessa de concretiza­r o brexit, Boris registrou duas derrotas em pleitos parciais no ano passado e sofreu um revés eleitoral nas eleições regionais de maio. Por isso, é considerad­o no partido um fardo cada vez mais complicado de se carregar.

As novas derrotas “são as mais recentes de uma série de resultados muito ruins para nosso partido”, escreveu o presidente do Partido Conservado­r britânico, Oliver Dowden, em uma carta dirigida a Boris na qual anunciou sua renúncia. “Não podemos seguir como se nada tivesse acontecido. Alguém deve assumir a responsabi­lidade, e eu concluí que, nestas circunstân­cias, não seria certo permanecer no cargo.”

Para aumentar a pressão, Michael Howard, ex-líder da legenda, afirmou que Boris deveria renunciar. “O partido e, o que é mais importante, o país ficariam melhores com uma nova direção”, declarou à BBC.

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