Folha de S.Paulo

Educadora liderou a família e uma cidade inteira em SP

SALIME ABDO (1930-2022)

- Fábio Pescarini coluna.obituario@grupofolha.com.br

O protagonis­mo sempre foi a grande marca da educadora Salime Abdo, desde a adolescênc­ia e ao longo de sua vida. Ela foi líder da família e de uma cidade inteira.

A lista dos motivos que a colocam na história é grande. Salime foi a primeira mulher a ocupar a cadeira de prefeita em Nova Odessa, cidade que fica na região de Campinas, no interior de São Paulo. Isso quando já estava com 75 anos e poderia desfrutar os benefícios da aposentado­ria.

O fato inédito ocorreu em 26 de agosto de 2005, quando estava no primeiro de seus dois mandatos seguidos como vice-prefeita, e o titular da pasta, Manoel Samartin, havia viajado para o exterior.

Filha de pai sírio e mãe libanesa, e a segunda de quatro irmãs, Salime enfrentou seu primeiro teste na vida aos 9 anos, quando sua mãe morreu.

Na época comerciant­e de grãos e cereais em Vera Cruz, também no interior paulista, o pai foi convencido por um padre a matricular as quatro meninas em um colégio interno em Agudos, a cerca de 110 km dali.

Seis anos depois, o pai, que tinha se casado mais uma vez, morreu. A madrasta não ficou com as meninas e as quatro voltaram ao colégio interno.

“Lá ela trabalhou na secretaria para ajudar no pagamento das despesas”, afirma a médica Ana Maria Abdo Thiene Leme, sobrinha de Salime.

A irmã mais velha, Helena, se casou, enquanto as outras três seguiram carreiras de educadoras. Salime conseguiu bolsa de estudos para se formar em pedagogia em Campinas. As irmãs Nabia e Maiba foram dar aulas em escolas rurais no interior.

Até que um outro padre, Aurélio Vasconcelo­s de Almeida, foi convencido a abrigar as três meninas em Nova Odessa, onde ele havia acabado de assumir a paróquia do então distrito de Americana (SP).

“Aos poucos, as três conseguira­m transferên­cias para escolas de lá”, diz a sobrinha, sobre a mudança na década de 1950. “E elas acabaram cuidando do padre até o fim da sua vida”, diz a sobrinha.

Junto com o padre e outras lideranças, Salime fez parte do grupo que pressionou o governo estadual a transforma­r Nova Odessa em município. Na cidade, Salime foi professora, diretora de escola e responsáve­l pelo processo de municipali­zação da educação. Salime Abdo morreu no último dia 18, aos 92 anos, de falência de múltiplos órgãos. Ela deixa duas irmãs e dois sobrinhos.

7º DIA RICARDO PERUCHI

Sábado (25/6) às 15h, Paróquia São Francisco de Assis, Vila Clementino, São Paulo

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