Folha de S.Paulo

Diário guarda tudo que não se quer esquecer, diz autora de livros infantis

- DEIXA QUE EU LEIO SOZINHO DEIXA QUE EU LEIO SOZINHO Ofereça este texto para uma criança praticar a leitura autônoma

Querido diário, hoje eu li uma matéria no jornal que falava sobre como pode ser legal escrever um diário durante as férias que estão chegando. A escritora Penélope Martins, que também é narradora de histórias, explicava o que é um diário, se a gente pode escrever tudo nele, até mesmo os nossos segredos.

E olha que curioso: ela disse que em um diário não precisa ter só texto, não. A Penélope explicou que o dono do diário pode guardar objetos dentro dele, tipo o papel de um chocolate que a gente comeu, gostou e quer lembrar para sempre.

A entrevista com a Penélope, que já escreveu vários livros e está lançando “Uma Boneca para Menitinha” (editora Caixote), dizia o seguinte:

*

O que é um diário? Diário é aquele lugar só seu de guardar escritos, desenhos, rabiscos, papel de chocolate, lista de livros, ponta de lápis, ingresso de cinema... coisas superimpor­tantes e até as bobeiras preferidas.

Mas, não se engane pelo nome, tem diário que passa a semana sem nenhuma noticiazin­ha da dona pessoa.

Qual a diferença de um diário para um texto “normal”? Tem texto sobre todo tipo de coisa: entrevista, biografia, mensagem para explicar por que foi mal na prova de matemática e até aquela tradiciona­l redação sobre as férias (quem nunca passou por isso, né?).

Diário é diferente, você escreve o que quer, o que acha importante, o que passou e o que vive hoje e não quer esquecer no futuro.

E se der vergonha de escrever sobre a gente mesmo? A gente tem vergonha de um monte de coisa da gente, tem vez que vive se botando defeito... Então, escreve sobre isso, solta esse nó de dentro de você!

Escrever é uma forma de desenhar os sentimento­s. Tem coisa que parece um elefante de problema, mas, depois que a gente põe nome e forma, vê que não passa de um percevejo!

É para contar tudo, tudo mesmo, até os segredos? Diário é seu? Conta o que quiser, o que for necessário para você. A regra é uma só: você manda.

E se alguém ler? Se alguém pegar esse diário e vir com gracinha dizendo que leu, olhe bem nos olhos da pessoa e pergunte: encontrou aí dentro a palavra “respeito”? Depois, vá tomar um chá de camomila ou um sorvete para acalmar, e deixe pra lá o sem noção.

Tem um tamanho “certo”? Precisa ser um caderno especial? Diário pode ser feito de todo jeito, até caixa de sapato serve. Pense numa forma ideal para guardar as memórias que você quer.

E lembre-se de colocar data nos seus escritos, porque isso será lido por você muitos anos depois, inclusive para tentar compreende­r novos confusos sentimento­s da vida adulta (tem vez que é osso, mas já aviso que passa). Você imagina a força de um diário?

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