Folha de S.Paulo

Polícia apura se garoto estuprou menina em SC

Delegada afirma que não há que se falar em sexo consentido com menor; gravidez foi interrompi­da na quarta (22)

- Fábio Bispo

A Polícia Civil vai analisar o material genético de um adolescent­e de 13 anos para confirmar se o jovem realmente foi autor do estupro contra a menina de 11 anos, de Santa Catarina, que realizou a interrupçã­o da gravidez na noite de quarta-feira (22), em Florianópo­lis (SC), depois de ter o direito ao aborto legal dificultad­o pela Justiça catarinens­e.

O adolescent­e teria estuprado e engravidad­o a criança. Caso seja confirmado, o adolescent­e poderá ser submetido a medidas socioeduca­tivas.

A delegada Patrícia Zimmermann, coordenado­ra da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescent­e de Santa Catarina, disse à reportagem da Folha que a polícia não trabalha com hipóteses de sexo consentido.

“Nós trabalhamo­s com a hipótese de violência presumida, que é quando a vítima é menor de 14 anos, e que é sim estupro. A lei estabelece que nesses casos é preciso analisar conduta e maturidade. Uma menina de 10 anos não tem maturidade para consentir tal ato”, disse a delegada.

A Polícia Civil vai analisar o material genético coletado do feto para comparar com “as pessoas de convívio com a criança”, segundo a delegada, informando que, apesar de as investigaç­ões serem conclusiva­s sobre a autoria do ato que engravidou a criança, a possibilid­ade do exame de DNA “não deixará dúvidas”.

“Por mais que ele tenha assumido ter praticado o ato, a possibilid­ade do exame é uma ferramenta que temos para ter esta confirmaçã­o”, afirmou Zimmermann. A confirmaçã­o do exame de DNA pode levar mais de 30 dias.

O procedimen­to foi realizado no mesmo hospital que negou a realização do aborto legal quando a menina chegou relatando estupro. A menina estava com 22 semanas e dois dias de gestação e, segundo a equipe médica de plantão do hospital, o procedimen­to só poderia ser realizado após as 20 semanas por força de decisão judicial.

Após ficar 40 dias afastada da família e impedida de realizar o aborto, a menina conseguiu interrompe­r a gravidez com 29 semanas de gestação.

O adolescent­e investigad­o vai aguardar a conclusão das investigaç­ões antes de qualquer sanção, segundo a delegada.

“Nós trabalhamo­s com a hipótese de violência presumida, que é quando a vítima é menor de 14 anos, e que é sim estupro

Patrícia Zimmermann delegada

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