Folha de S.Paulo

Brasil soma 17 casos de varíola dos macacos

OMS descarta classifica­r doença como emergência global de saúde, mas diz que rápida disseminaç­ão é preocupant­e

- Com AFP

brasília O total de casos confirmado­s da varíola dos macacos no Brasil chegou a 17, segundo informaçõe­s do Ministério da Saúde. A pasta confirmou na sexta-feira (24) três novos casos, sendo dois no Rio de Janeiro e um em São Paulo.

A maioria das ocorrência­s é de São Paulo, com 11 registros. Há outros dois casos no Rio Grande do Sul e quatro no Rio de Janeiro. Outros dez seguem em investigaç­ão.

Em São Paulo, o caso novo confirmado na sexta-feira é importado, de uma pessoa com registro de viagem. Mas o estado já tem três casos autóctones, o que significa que houve transmissã­o local da doença. O Rio de Janeiro também registrou dois casos de contágio local.

Já foram descartado­s 46 casos suspeitos no Brasil.

A varíola dos macacos é transmitid­a por meio de contato próximo. A infecção pode ser por vias respiratór­ias, mas é preciso contato face a face perto por tempo prolongado.

No sábado (25), o diretorger­al da OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesu­s, declarou o surto de da doença é uma ameaça à saúde muito preocupant­e, mas no momento não é uma emergência global de saúde pública.

“No momento, a situação não constitui uma emergência de saúde pública de interesse internacio­nal, que é o nível mais alto de alerta que a OMS pode emitir”, afirmou Ghebreyesu­s em comunicado após uma reunião de especialis­tas para discutir o assunto.

“O comitê de emergência compartilh­ou suas sérias preocupaçõ­es sobre a escala e a velocidade do atual surto”, acrescento­u Ghebreyesu­s.

Até agora, 3.200 casos e uma morte foram detectados em cerca de 50 países diferentes, segundo a OMS.

A varíola dos macacos já era uma doença conhecida, sendo considerad­a endêmica na África Ocidental e Central. O que vem deixando a comunidade científica em alerta desde maio é a disseminaç­ão rápida do vírus para outros países, especialme­nte na Europa Ocidental.

A OMS considera provável que haja muito mais casos do que os declarados e avalia que o vírus já devia circular antes do surto atual —talvez desde 2017— sem que sua transmissã­o tenha sido detectada.

A doença é causada pelo monkeypox, um vírus do gênero Orthopoxv irus—mesma categoria do patógeno causador da varíola, erradicada em 1980.

Embora tenham suas semelhança­s, existem diferenças entre as duas doenças. Uma dela sé a letalidade: a varíola matava cerca de 30% dos infectados. Já a varíola dos macacos conta com uma taxa de mortalidad­e entre 3% a 6%, segundo a OMS.

Os sintomas mais comuns aparecem dentro de 6 a 13 dias após a exposição, mas podem levar até três semanas.

As pessoas que adoecem geralmente apresentam febre, dor de cabeça, dor nas costas e nosmúsculo­s,inchaçodos­gângliosli­nfáticosee­xaustãoger­al.

Cerca de um a três dias após a febre, a maioria das pessoas também desenvolve uma erupção cutânea dolorosa caracterís­tica desse gênero de vírus. A erupção pode começar no rosto, nas mãos, nos pés, no interior da boca ou nos órgãos genitais do paciente e progredir para o resto do corpo.

Especialis­tas dizem que as chances de a varíola dos macacos se tornar uma pandemia são pequenas pela baixa capacidade de transmissã­o do vírus. No entanto, afirmam ser importante manter a vigilância, com métodos de rastreamen­to e diagnóstic­o eficazes.

No começo do mês, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou à Folha que o governo estuda a compra da vacina da varíola para grupos específico­s, como profission­ais de saúde que vivem em regiões de fronteira ou lidam diretament­e com os casos.

Com a erradicaçã­o da doença, o imunizante parou de ser aplicado no Brasil em 1979 e não está disponível nem no SUS (Sistema Único de Saúde) nem em clínicas de vacinação privadas.

Em um levantamen­to feito pela Abcvac (Associação Brasileira de Clínicas de Vacinas) a pedido da Folha, 73% dos associados respondera­m que aumentou a procura pela vacina.

“No momento, a situação não constitui uma emergência de saúde pública de interesse internacio­nal, que é o nível mais alto de alerta que a OMS pode emitir Tedros Adhanom Ghebreyesu­s diretor-geral da OMS, em comunicado no sábado (25)

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