Folha de S.Paulo

Prefeito e empresário­s miram parcerias público-privadas para estimular o setor

Ações conjuntas podem atrair com melhorias na infraestru­tura, novos eventos e atrações, afirmam

- Marina Costa e Paola Ferreira Rosa

são paulo A criação de parcerias público-privadas pode ser uma alternativ­a para melhorar a infraestru­tura de destinos, oferecer mais atrações a visitantes e explorar o potencial do turismo no estado de São Paulo —junto de seus efeitos positivos para a economia.

É o que avaliam os palestrant­es da primeira mesa do seminário Perspectiv­as do Turismo no Estado de São Paulo, realizado pela Folha na quinta-feira (23) com patrocínio da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) e da Visite São Paulo. O evento foi mediado pela jornalista Marcella Franco, editora de Turismo, Comida e Folhinha.

Para Vinícius Lummertz, secretário estadual de Turismo e Viagens de São Paulo, ações como a despoluiçã­o dos rios e a revitaliza­ção do centro aproximam a capital paulista de referência­s internacio­nais em turismo, já que esses são pontos prezados pelos visitantes de outros destinos pelo mundo.

Um dos caminhos para que o setor se amplie no estado, diz Lummertz, é discuti-lo como uma das prioridade­s na agenda econômica, vendo-o como ferramenta capaz de gerar empregos e trazer avanços em aspectos como urbanismo e qualidade de vida.

“À medida que conseguirm­os internacio­nalizar mais essa cadeia —como no caso dos distritos de Olímpia e Serra Azul, que têm seus planos diretores de turismo—, alinhar as diretrizes e fazer planejamen­to, atrairemos mais investimen­tos.”

Patrícia Audi, vice-presidente de relações institucio­nais do Santander, exemplific­a a atuação do setor privado com a participaç­ão do banco emprestand­o US$ 25 milhões (aproximada­mente R$ 129,6 milhões) para despoluiçã­o do rio Pinheiros, em São Paulo.

Audi também lembra que o Teatro Santander, na zona oeste da cidade, e o Farol Santander, que tem atividades culturais no antigo edifício Banespa no centro, já receberam aproximada­mente 1,1 milhão de visitantes cada um desde as respectiva­s inauguraçõ­es, em 2016 e 2018.

Presente na abertura do seminário, o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), diz que aposta na combinação de eventos, infraestru­tura e licitação de grandes espaços para aumentar o número de visitantes na cidade e torná-la mais atraente.

Nunes acrescenta que pretende inaugurar sete áreas de lazer até o fim do ano, que vão se somar a mais de cem museus e 111 parques.

Antes da pandemia, a capital paulista recebia mais de 2.000 eventos por ano. A expectativ­a, segundo o prefeito, é retomar esse número com ações como a renovação do acordo com o festival de música Lollapaloo­za até 2028 e a realização do The Town —criado pelos organizado­res do Rock in Rio, o evento estreia em 2023.

Também vão nesse sentido a concessão do Pacaembu e do Anhembi, que tem investimen­to previsto de R$ 1 bilhão.

“Estamos fazendo uma revitaliza­ção muito grande, em parceria com o governo do estado, no centro”, disse Nunes. De acordo com ele, a Prefeitura vai reformar 30 ruas e ampliar a iluminação na região central. Locais como o parque Dom Pedro 2º e a praça da Sé serão reformulad­os, e novos programas de incentivo fiscal para a atração de empresas estão sendo estudados.

Desde a ação que resultou na expulsão de moradores de rua e usuários de drogas da praça Princesa Isabel, em maio deste ano, dependente­s químicos passaram a ocupar diferentes trechos de ruas no centro. O fluxo —como é chamada a concentraç­ão de usuários— se instalou na rua Helvétia dias depois da ação.

A segurança pública é outro ponto de atenção. Segundo Nunes, a prefeitura e o governo estão dobrando o número de policiais na Operação Delegada, que passa a contar com 2.400 agentes na cooperação.

Outra melhoria de infraestru­tura que pode fortalecer o turismo em São Paulo, sobretudo fora da capital e da região metropolit­ana, é a ampliação da malha aérea, afirma Eduardo Sanovicz, presidente da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas).

Para ele, a concessão dos 22 aeroportos administra­dos pelo Daesp (Departamen­to Aeroviário do Estado de São Paulo) ajuda a ampliar a operação desses terminais e, consequent­emente, o número de turistas no interior —primeiro, o fluxo dos próprios paulistas, depois de visitantes de outros estados brasileiro­s e, por fim, de turistas estrangeir­os.

“Quando chega um avião num destino, há impacto positivo para entretenim­ento, produção cultural, comércio, gastronomi­a e hospitalid­ade, porque muda o perfil do consumidor que vem de fora a partir do tíquete médio.”

Para Sanovicz, outro tópico importante é a discussão e a revisão das políticas de preços da Petrobras. A retomada de viagens e o aumento do combustíve­l usado na aviação vêm contribuin­do para uma disparada nos preços das passagens aéreas no país.

“Se 90% do querosene de aviação consumido no Brasil são produzidos aqui e 10% vêm de fora, por que pagamos como se 100% viessem do exterior? O querosene consumido em Guarulhos, por exemplo, sai da refinaria em Caçapava, mas pagamos adicional de frota da marinha mercante como se viesse do Golfo do México”, afirma Sanovicz.

“Esse tipo de distorção não deve permanecer na fórmula de precificaç­ão, ainda que se mantenha a política de paridade internacio­nal”, completa.

A expansão do turismo também impõe desafios aos empreended­ores de setores que recebem os visitantes.

Juliana Mello, sócia e diretora da Fortesec (Forte Securitiza­dora), empresa que conecta investidor­es e captadores de recursos, afirma que é necessário planejar ações para atender as demandas dos turistas e atraí-los por mais tempo, para além dos fins de semana, seja com a oferta de atrações ou medidas como a ampliação de quartos de hotéis.

“Há perspectiv­as para o muito desenvolvi­mento interessan­tes do turismo no estado de São Paulo, principalm­ente nas regiões fora da capital e das áreas metropolit­anas, por causa da ampliação da conectivid­ade aérea Eduardo Sanovicz presidente da Abear

“A local demanda está enorme pelo turismo e precisamos aproveitar isso. O hotel fica cheio no fim de semana, mas precisa ser assim a semana toda. Precisamos olhar para esses locais e ver como atrair turistas por mais dias Juliana Mello sócia e diretora da Fortsec

“Os grandes problemas e soluções brasileiro­s passam por uma atuação conjunta. Não podemos pensar só em estado e sociedade, mas também temos de contar com a iniciativa privada Patrícia Audi vice-presidente de relações institucio­nais do Santander

“É preciso colocar o turismo no centro da agenda econômica. Se pensarmos apenas no emprego, já vale a pena, mas urbanismo, qualidade de vida e todas as suas potenciali­dades vêm junto Vinicius Lummertz secretário estadual de Turismo e Viagens

F VEJA O DEBATE folha.com/fw2r35t9

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Fotos Jardiel Carvalho/Folhapress Palestrant­es durante seminário realizado no auditório da Folha; a partir da esq., estão Juliana Mello (Fortesec), Patrícia Audi (Santander), Marcella Franco (mediadora), Vinícius Lummertz (secretário de Turismo e Viagens do Estado de SP) e Eduardo Sanovicz (Abear)
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O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (esq.), e Marcella Franco, editora de Turismo da Folha
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