Mais baratas, visitas a parques no estado devem crescer na crise
são paulo O turismo ambiental cresce desde antes da pandemia, e, com a recente queda de renda do brasileiro, a tendência é que o setor se expanda ainda mais, dizem especialistas. O tema foi discutido no seminário Perspectivas do Turismo no Estado de São Paulo, organizado pela Folha na quinta (23).
Para Raul Sulzbacher, presidente do conselho do São Paulo Convention & Visitors Bureau —entidade promotora do turismo—, no município a classe média buscará nos próximos cinco anos cidades que tenham parques conservados. “É uma atividade natural e barata.”
Em 2021, as 145 unidades de conservação em todo o país administradas pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) tiveram o maior número de visitas em cinco anos —16,7 milhões.
Para Sulzbacher, São Paulo precisa reformar ciclovias e trilhas conectadas a parques. O governo afirma que 20% da área do estado é protegida por leis ambientais. A média brasileira é de 30%, segundo o Banco Mundial.
O Palácio dos Bandeirantes lançou no dia 15 a campanha Parques de São Paulo.
A iniciativa quer promover o estado como destino de lazer natural, integrando mais de 50 parques, que têm trilhas, montanhismo, praias e cavernas. Cerca de 17 milhões de visitantes passam por esses locais anualmente.
No seminário, o secretário estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente, Fernando Chucre, defendeu acordos entre os setores público e privado para a administração de áreas de lazer. “Conceder esses locais dá ao estado a chance de investir em parques onde não é possível fazer essas parcerias”, diz.
O estado tem 151 áreas protegidas, sendo que 34 são parques abertos ao público. A Grande São Paulo tem 16 parques urbanos estaduais. Ao todo, três áreas protegidas e seis parques estão sob administração privada.
As concessões eram uma das promessas do ex-governador João Doria (PSDB). O movimento recebeu críticas de setores da sociedade, que viram fragilidades nos contratos.
Para Rogério Dezembro, sócio do Consórcio Reserva Paulista e CEO do Live Park, concessionária de parques de São Paulo, a população ganha quando se coordenam os papéis dos dois setores. “Não adianta um espaço gerido pelo estado oferecer serviço precário e não cumprir sua vocação pública.”
O zoológico de São Paulo é um dos parques em mãos do Reserva Paulista. O espaço, leiloado em fevereiro de 2021, é o maior em biodiversidade da América Latina, conforme o governo paulista.
Segundo Dezembro, a estrutura do local será integrada ao Zoo Safari e ao Jardim Botânico, também concedidos à empresa. Os três foram leiloados por R$ 111 milhões, e a concessão é de 30 anos.
Em outra frente, os debatedores elogiaram a despoluição do rio Pinheiros. Em março, o governo informou que foram investidos R$ 4 bilhões no projeto e feitas 555 mil ligações de água e esgoto.
Dos 13 pontos de monitoramento do rio, 11 já têm DBO (demanda bioquímica de oxigênio), indicador de qualidade da água, abaixo de 30 mg/L —suficiente para melhorar coloração e cheiro. A meta é que todo o rio atinja o número até o fim do ano.
As margens do Pinheiros recebem cerca de 160 mil visitantes por mês, em ciclovias e outros equipamentos de lazer. “Já andei nesse rio de barco e ele era uma nojeira, o que fizeram com ele é incrível”, elogia Ernani Paciornik, idealizador e CEO da feira náutica Boat Show. “O governo tem que limpar rios ou o empresário não vai querer explorá-los”, completa.
O evento foi patrocinado pela Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) e pela Visite São Paulo. A mediação foi da jornalista Marcella Franco, editora de Turismo da Folha.
O próximo ciclo da cidade será de interligação de seus parques públicos com ciclovias que atravessariam, em um parque linear, toda a capital Fernando Chucre secretário estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente
Com o turismo náutico, é possível fazer novos parques em terrenos que hoje estão abandonados. Isso geraria entretenimento para toda a região Ernani Paciornik idealizador e CEO do Boat Show, maior evento náutico da América Latina
São Paulo tem grande oferta de espaços verdes, mas quem vive na cidade geralmente não se lembra deles. Esses lugares não dialogam com o paulistano Rogério Dezembro sócio do Consórcio Reserva paulista e CEO do Live Park
São Paulo é uma cidade completa, com cultura, parques e gastronomia. Ela pode participar do circuito Helena Rubinstein [em referência a locais como Roma e Paris] Raul Sulzbacher presidente do conselho do São Paulo Convention & Visitors Bureau