Palmeiras mostra que maratona será bem longa
O Palmeiras saiu atrás do marcador pela quarta partida seguida e chegou a conquistar sua terceira virada em quatro jogos. Não sustentou. O Avaí mostrou força no meio e empatou com o talento do meia Jean Pyerre, em cobrança de falta.
No ano passado, havia a observação de que o time de Abel Ferreira não demonstrava poder de reação. Ora, nunca saía perdendo, como poderia virar o placar?
Agora é diferente. Abel certamente prefere que sua equipe abra o marcador e tenha as rédeas dos jogos. A virada sobre o Avaí, num compromisso extremamente difícil, permitiria abrir cinco pontos de vantagem.
Para o campeonato, os três pontos atuais criam drama.
Até novembro, a grande dificuldade será manter o padrão tático se o vigor físico diminuir. Lembre-se de que o Palmeiras teve de chegar ao ápice antes dos concorrentes diretos, por causa da disputa do Mundial de Clubes.
Daí ser absolutamente impossível haver a certeza que se espalhou de que o Palmeiras será o campeão. É o melhor time do momento. Se as pernas não suportarem, a situação poderá mudar em julho ou agosto.
Duas frases servirão para entender o Palmeiras daqui até o final da temporada. Uma delas foi dita por Abel Ferreira na conquista do estadual: “Vamos até o limite, não sei como vamos aguentar”. Referia-se ao número e jogos e viagens.
A outra foi revelada pelo assistente, João Martins, na segunda (20). “Perguntamos aos jogadores o que é preciso para ganhar o Brasileiro. Eles disseram: vencer em casa.”
Líder do campeonato, o
Palmeiras é apenas o terceiro na classificação dos mandantes. À parte o diagnóstico do elenco, a pergunta de Abel Ferreira evidencia seu desejo de vencer o Brasileiro.
As duas preocupações de Abel, ser campeão e preservar jogadores que ajudem a chegar à conquista, produziram uma escalação com sete mudanças em comparação com a equipe titular.
Por mais que se elogie o elenco, a saída de talentos como Dudu, Rony, Scarpa, Raphael Veiga, Marcos Rocha, Piquerez e Danilo diminuem a qualidade. O que faz parecer diferente é o trabalho de longo prazo. O Palmeiras tem um ano e meio com Abel Ferreira. Time bom consagra jogador ruim, e time ruim enterra jogador bom.
Não que o Palmeiras tenha os ruins. Mas os médios ficam melhores quando jogam com os craques.
A disputa pelo título continua com o Palmeiras na frente, com o Corinthians três pontos atrás, o Athletico de por perto e o Atlético-MG dando sinais de que pode se aproximar. Especialmente o Corinthians sai da condição de azarão, com a capacidade já demonstrada de Vítor Pereira ampliar seu elenco, com seus miúdos. E provavelmente com Yuri Alberto.
Como a maratona será mais forte a partir das viagens da Libertadores, seria fundamental para o Palmeiras abrir cinco pontos de vantagem, vencendo em Florianópolis. Talvez por esse motivo Abel Ferreira se esgoelava nos acréscimos, perguntando ao árbitro: “Vai dar só mais cinco minutos?”.
O Brasileiro não é um triangular e não está decidido. O Avaí nos lembrou disso contra o líder.