Dieta pobre em carboidrato e rica em gordura pode melhorar saúde do coração, diz estudo
THE NEW YORK TIMES Fazer uma dieta com baixo teor de carboidratos tem sido uma estratégia habitual para perder peso. Mas alguns médicos e especialistas em nutrição desaconselharam fazê-la por medo de que pudesse aumentar o risco de doenças cardíacas, já que essas dietas —chamadas “low-carb” em inglês— geralmente preveem a ingestão de muitas gorduras saturadas, do tipo encontrado na carne vermelha e na manteiga.
Mas um estudo de 2021, um dos maiores e mais rigorosos já feitos sobre o assunto, sugere que uma dieta pobre em carboidratos e rica em gorduras pode ser benéfica para a saúde cardiovascular se a pessoa estiver acima do peso.
O novo estudo, publicado no American Journal of Clinical Nutrition, descobriu que pessoas com sobrepeso e obesas que aumentaram a ingestão de gordura e reduziram a quantidade de carboidratos refinados em sua dieta —e comeram alimentos ricos em fibras, como frutas frescas, vegetais, nozes, feijões e lentilhas— reduziram mais seus fatores de risco para doenças cardiovasculares do que as que seguiram uma dieta semelhante, porém com menos gorduras e mais carboidratos.
O estudo sugere que ingerir menos carboidratos processados e mais gordura pode ser bom para a saúde do coração, disse Dariush Mozaffarian, cardiologista e reitor da Escola Friedman de Ciência e Políticas da Nutrição da Universidade Tufts, que não participou da pesquisa.
“É um estudo bem controlado, que mostra que comer menos carboidratos e mais gordura saturada é realmente bom para algumas pessoas, desde que tenham muitas gorduras insaturadas e estejam comendo principalmente uma dieta do tipo mediterrâneo”, diz Mozaffarian.
O novo estudo incluiu 164 adultos com sobrepeso e obesidade, na maioria mulheres, que participaram de duas fases. Primeiro, os participantes foram submetidos a dietas rigorosas de baixas calorias, que reduziram seu peso corporal em cerca de 12%. Em seguida, cada um deles foi designado para seguir uma de três dietas, nas quais 20%, 40% ou 60% das calorias vinham de carboidratos.
A proteína foi mantida estável em 20% das calorias nas duas dietas, com as calorias restantes provenientes de gordura. Os participantes foram alimentados apenas com calorias suficientes para manter seus pesos estáveis. Eles seguiram os planos alimentares durante cinco meses.
Após cinco meses, as pessoas na dieta baixa em carboidratos não experimentaram nenhuma mudança prejudicial em seus níveis de colesterol, apesar de obterem 21% das calorias diárias de gordura saturada.
Essa quantidade é mais que o dobro do que a recomendada nas diretrizes dietéticas do governo dos Estados Unidos. Seu colesterol LDL, o chamado “ruim”, por exemplo, permaneceu quase o mesmo das pessoas que seguiram a dieta rica em carboidratos, que ingeriram apenas 7% das calorias diárias de gordura saturada.
Os testes também mostraram que o grupo com baixo teor de carboidratos teve uma redução de aproximadamente 15% nos níveis de lipoproteína (a), uma partícula gordurosa no sangue que está fortemente ligada ao desenvolvimento de doenças cardíacas.
O grupo com baixo teor de carboidratos também teve melhoras nas medidas metabólicas ligadas ao desenvolvimento do diabetes tipo 2. Os pesquisadores avaliaram suas notas de resistência à insulina de lipoproteína, que analisa o tamanho e a concentração de moléculas portadoras de colesterol no sangue.
O grupo low carb também teve outras melhoras. Eles tiveram uma queda nos triglicerídeos, um tipo de gordura no sangue que está ligado a infartos e derrames.
“É um estudo bem controlado, que mostra que comer menos carboidratos e mais gordura saturada é realmente bom para algumas pessoas Dariush Mozaffarian cardiologista