Lula diz que Judiciário faz mais política que Congresso Nacional
Ex-presidente afirma que país vive uma loucura sob Bolsonaro e que é preciso parar e sentar para dialogar
SÃO PAULO O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (29) que o Poder Judiciário tem feito mais política do que o Congresso Nacional. Ele não citou exemplos, mas disse que o país vive uma “loucura” sob o mandato de Jair Bolsonaro (PL) e que é preciso parar e sentar para dialogar.
“O Brasil foi tirado da sua normalidade. O Brasil hoje está uma loucura, as pessoas não se entendem. O Congresso Nacional tomou conta do Orçamento da União, que era de administração do presidente da República”, disse o petista para a rádio Educadora de Piracicaba.
“O Poder Judiciário está fazendo mais política do que o Congresso Nacional. O Congresso Nacional está judicializando a política, ou seja, houve muitas inversões e nós precisamos parar e sentar.”
Lula tem sido um crítico da relação sobre o comando das verbas entre Executivo e Congresso, que, diante disso, articula ampliar ainda mais o poder sobre o Orçamento no próximo ano e mudar as regras para tornar a liberação das chamadas emendas de relator uma obrigatoriedade para o Palácio do Planalto.
O plano, que tem apoio de líderes do bloco do centrão, foi formulado diante do cenário de favoritismo do ex-presidente Lula na corrida presidencial. O petista é crítico desse tipo de emenda, que sustenta as negociações políticas no governo Bolsonaro.
O projeto da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2023, que dá as bases para a formulação do Orçamento, foi apresentado no último domingo (26) já com o mecanismo para que as emendas sejam obrigatoriamente executadas.
Os cálculos preliminares indicam que, no próximo ano, esses recursos devem somar cerca de R$ 19 bilhões no Orçamento. Para tentar reduzir esse valor, o chefe do Palácio do Planalto em 2023 também precisaria aprovar um projeto no Congresso. Ou seja, os parlamentares teriam que aceitar perder parte do controle sobre essa verba.
Na mesma entrevista, Lula voltou a falar sobre o que chama de democratização dos meios de comunicação. Ele disse, porém, que essa será uma tarefa da sociedade.
“Quando a gente fala que é preciso democratizar os meios de comunicação, a gente está falando da mídia eletrônica, a gente está falando de rádio e televisão, a gente está falando que é preciso regular a internet”, disse o expresidente. “Mas quem vai regular é a sociedade brasileira. Não vai ser o presidente da República.”
Segundo Lula, em um eventual governo, seriam convocados plenários, congressos e palestras para se definir como regular, por exemplo, o direito de resposta.
“A verdade é essa, nós temos nove famílias que são donas de quase todos os meios de comunicação neste país. Então é possível que a gente possa abrir um pouco mais a participação”, afirmou o ex-presidente.