Folha de S.Paulo

Em busca do milagre na Bombonera

Eliminar o Boca Juniors em sua casa é para poucos, como o Santos do rei Pelé

- Juca Kfouri Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP | dom. Juca Kfouri, Tostão | seg. Juca Kfouri, Paulo Vinicius Coelho | ter. Renata Mendonça | qua. Tostão | qui. Juca Kfouri | sex. Paulo Vinicius Coelho, Sandr

Na próxima terça-feira (5), o Corinthian­s terá a missão de eliminar o Boca Juniors da Libertador­es na Bombonera.

Até hoje, embora o Cruzeiro, o Paysandu, o Fluminense e o Palmeiras já tenham vencido os xeneizes na casa deles, só o Santos os derrotou em jogo decisivo, em 1963, para ser bicampeão continenta­l, por 2 a 1, gols de Coutinho e Pelé.

Caberá ao alvinegro o desafio, durante os 90 minutos, ou nos pênaltis, de repetir a façanha. Improvável, de fato. Pudesse Vítor Pereira escalar Cássio, Fagner, Gil, João Victor e Fábio Santos; Maycon, Du Queiroz, Giuliano e Renato Augusto; Willian e Róger Guedes, e a tarefa seria menos complicada, mas nada indica que possa fazê-lo.

Basta dizer que deste 11 experiente e qualificad­o, apenas Cássio, Fagner, João Victor, Fábio Santos, este nos acréscimos, Giuliano, Willian e Róger Guedes estiveram no gramado de Itaquera no empate sem gols do jogo de ida. E Fagner e Willian saíram machucados, o primeiro no intervalo, o segundo ao fim do jogo.

A opção por elenco envelhecid­o em calendário desumano paga o preço do desatino que impediu a escalação de Gil, Fábio Santos, Maycon, Du Queiroz e Renato Augusto como titulares no jogo que deveria ser o que permitisse ir a Buenos Aires com vantagem.

Por ironia, o Corinthian­s ainda desperdiço­u pênalti com Róger Guedes, na única bola que chutou entre as três traves, porque o batedor quase perfeito, Fábio Santos, estava no banco.

O time do Boca Juniors de hoje em dia está longe de outros bem mais poderosos e temíveis, mas a Bombonera é a mesma e a torcida tão intimidado­ra como sempre.

Restará ao Corinthian­s escrever dessas páginas inesquecív­eis em sua história de tantas conquistas eternas, coisa que talvez nem o mais fiel dos fiéis acredite.

Economia porca

Enquanto reforça o time ao pagar salários altos e argumentar que apenas preenche o que se deixou de gastar com quem saiu (raciocínio que deve encantar os credores), a direção do Corinthian­s descuida de Itaquera, ao demitir funcionári­os, com salários irrisórios, que tratavam da manutenção do estádio.

É o tal barateamen­to que sai caro, principalm­ente no que diz respeito à segurança dos torcedores.

O futuro de Neymar

Tite está convencido de que Neymar estará em ponto de bala na Copa do Mundo do Qatar.

Embora nem Neymar saiba exatamente como serão seus dias daqui até o início da Copa, no dia 21 de novembro.

Permanecer no PSG em ritmo de competição, mas sem maior desgaste, como o Campeonato Francês permite, talvez fosse o melhor dos mundos para quem busca o único título que lhe falta, mas parece que a direção do clube parisiense não está disposta a permitir tamanha comodidade.

Incrível a carreira de Neymar: saiu mal do Santos que o revelou e onde ganhou a Libertador­es, saiu mal do Barcelona onde venceu tudo, campeão europeu e mundial e, se o respeitáve­l diário espanhol El País está certo, está sendo saído mal do PSG.

Resta a seleção brasileira para sair por cima como campeão mundial, se trouxer o hexa, ele que foi decisivo para trazer a então inédita medalha de ouro olímpica.

No documentár­io sobre Neymar da Netflix, sugerese de maneira pouco convincent­e certo distanciam­ento dele em relação ao pai na gestão de sua carreira.

Se é mesmo verdade, e como ele não precisa de mais um tostão, talvez encontre a solução.

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