Em ‘Spiderhead’, prisioneiros são tratados com droga do sexo
Cercada por águas cristalinas, a ilha na qual “Spiderhead” se passa se assemelha a um destino turístico de luxo. Os hóspedes dentro da estrutura de concreto que se ergue imponente da mata, no entanto, não são milionários, mas detentos que estão lá para fugir das prisões estaduais.
Em Spiderhead, centro que leva o mesmo nome do filme, eles são como ratos de laboratório, testados por um cientista bonitão que sonha em mudar o mundo. Chris Hemsworth é quem chefia o local e administra nos prisioneiros drogas que causam alterações bruscas de comportamento.
Tudo com o consentimento deles, como prova o acordo verbal feito a cada novo experimento. Eles doam seus corpos e mentes à ciência e, em troca, têm quartos espaçosos, comida de primeira, salão de jogos e várias outras regalias.
Foi virtualmente que a equipe de “Spiderhead” mostrou as instalações a um grupo de jornalistas durante a pandemia, quando sets de filmagem não admitiam ninguém além do indispensável. De máscara, todos se preparavam para o o 26º dos 42 dias de gravação, depois de serem realocados às pressas dos Estados Unidos para a Austrália, onde a pandemia estava menos ruim.
“Esse filme foi um dos casos raros que puderam seguir mesmo com a Covid”, disse o diretor Joseph Kosinski, o mesmo de “Top Gun: Maverick”. “Nós dissemos à Netflix que poderíamos fazer o filme seguindo uma série de protocolos.”
“Spiderhead” foi um dos primeiros grandes longas de Hollywood a serem gravados durante a pandemia, pela facilidade em mudar suas locações e pelo fato de que ele é ambientado na prisão de luxo do título, habitada por poucos.
Adaptada do conto “Escape from Spiderhead”, de George Saunders, a trama é centrada no personagem de Miles Teller, um detento de boa índole, mas que foi parar atrás das grades por matar o melhor amigo ao dirigir bêbado. Ele se sujeita a todo tipo de teste com as drogas, rindo, sentindo dor ou sendo induzido a torturar colegas de confinamento pelas substâncias que são injetadas em seu corpo.
Num dos experimentos, ele e outra prisioneira ficam diante um do outro. Eles não sentem atração um pelo outro. Quando recebem uma dose de uma toxina do amor, porém, eles se atracam sobre uma cadeira, onde transam com paixão e violência escandalizantes.
“Se você ler o conto, vai notar que ele é uma combinação única de gêneros. Eu não acho que você pode chamar ‘Spiderhead’ apenas de ficção científica, pois os experimentos que vemos em cena poderiam muito bem estar acontecendo em algum canto do mundo”, afirma Kosinski.
Hemsworth concorda e ainda destaca a discussão sobre drogas que o filme levanta —não necessariamente elas vão fazer mal a você, acredita o Thor da Marvel. “Há uma abordagem positiva para o assunto, não é um debate reduzido ao certo ou errado.”
Spiderhead
EUA, 2022. Dir.: Joseph Kosinski. Com: Chris Hemsworth, Miles Teller e Jurnee Smollett. 16 anos. Disponível na Netflix