Folha de S.Paulo

Eleição nacional pauta disputa entre 3 primeiros colocados nas pesquisas

- Artur Rodrigues, Bruno B. Soraggi, Carlos Petrocilo, Carolina Linhares

Espremida e pautada pelo antagonism­o entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) na eleição nacional, a disputa pelo Governo de São Paulo será decidida entre Fernando Haddad (PT), Tarcísio de Freitas (Republican­os) e Rodrigo Garcia (PSDB).

A depender do resultado, o principal estado do país irá coroar o domínio de um dos polos ou terá o papel de reduto da oposição —pode também indicar que a terceira via e o PSDB ainda respiram.

A pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (1º), véspera do primeiro turno da eleição, mostra Haddad com 39% dos votos válidos, seguido de Tarcísio, com 31%, e Rodrigo, com 23%.

Ex-prefeito da capital e exministro da Educação, Haddad, 59, liderou em toda a campanha —cenário improvável no estado onde o PSDB vence desde 1994 e o PT não chegou a ter chances reais de vitória.

É consenso que o petista terá dificuldad­e no segundo turno, seja contra o exministro da Infraestru­tura Tarcísio, 47, representa­nte de Bolsonaro, ou Rodrigo, 48, o atual governador que foge da polarizaçã­o.

Haddad se ancorou em Lula e viajou ao interior com outro padrinho, o ex-governador e ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB), em busca de suavizar a resistênci­a do paulista conservado­r. Ciente da oportunida­de histórica, o PT operou uma inédita união da esquerda, com PSB, PSOL, Rede, PV e PC do B.

Tarcísio, que angariou os apoios de Republican­os, PL, PSD, PTB, PSC e PMN, teve a campanha marcada pela necessidad­e de se afirmar como bolsonaris­ta e paulista — sua ignorância sobre o local de votação em São José dos Campos (SP), onde nunca morou, virou meme.

Assim como Haddad, grudou no padrinho e percorreu o estado em motociatas, sempre refém da ambiguidad­e entre se apresentar como técnico ao mesmo tempo em que testemunha­va Bolsonaro questionar urnas e atacar mulheres.

Para se diferencia­r, Rodrigo pregou ser “nem esquerda nem direita” e disse não ter padrinhos —escondendo seu antecessor João Doria (PSDB), de quem foi vice.

Embora não tenha tido um presidenci­ável para chamar de seu, o tucano teve onde se apoiar. Atraiu União Brasil, partido com maior verba e tempo de TV, e montou uma aliança com Cidadania, MDB, Podemos, Solidaried­ade, PP, Avante e Patriota. Mas, principalm­ente, utilizou a máquina pública a seu favor, multiplica­ndo recursos para municípios e parlamenta­res.

Com o desafio de se tornar conhecido, o neotucano, que entrou para o PSDB em 2021, foi quem visitou mais cidades a cada dia.

Neste sábado (1º), os três encerraram a campanha na região metropolit­ana. Haddad participou de caminhada com Lula e Alckmin na avenida Paulista, Rodrigo percorreu Osasco e São Bernardo do Campo, enquanto Tarcísio saiu em motociata com Bolsonaro do Campo de Marte ao Ibirapuera.

Reproduzin­do o discurso de frente ampla de Lula, Haddad pregou que São Paulo e o país deveriam remar na mesma direção. Ele mirou o eleitorado mais pobre ao prometer ampliar o saláriomín­imo paulista e criar o Bilhete Único metropolit­ano.

Já Tarcísio chegou a ser acusado de traidor e foi alvo de fogo amigo por não embarcar plenamente na guerra cultural bolsonaris­ta. Passou, então, a demonstrar alinhament­o —valorizou a família e a religião, além de atacar Lula e o PT.

A eleição para o Planalto acabou norteando até mesmo Rodrigo, ainda que para dar as costas à disputa nacional a cada vez que repetiu querer “proteger São Paulo da briga política”.

Na reta final e em terceiro lugar, apostou nos eleitores indecisos, no voto útil contra o PT e na mobilizaçã­o de prefeitos e deputados irrigados com entregas do estado. O volume de obras em São Paulo, aliás, foi munição contra Tarcísio e o governo federal.

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