Folha de S.Paulo

Derrota de Rodrigo ou Tarcísio definirá liderança da direita

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O resultado do primeiro turno, neste domingo (2), poderá ou dar fim à hegemonia do PSDB ou inviabiliz­ar um inédito domínio bolsonaris­ta no estado.

Quem avançar entre o exministro Tarcísio de Freitas (Republican­os) e o governador Rodrigo Garcia (PSDB), deve enfrentar Fernando Haddad (PT), candidato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no segundo turno, conforme indica a pesquisa Datafolha deste sábado (1º).

O que está em jogo não é pouco, de acordo com George Avelino, professor de ciência política da FGV-SP. “A eleição em São Paulo sempre foi organizada entre vermelhos e azuis, e quem vencer entre os dois ficará com a liderança dos azuis”, resume.

Para o professor, o objetivo do PT de chegar ao Bandeirant­es, embalado pela onda pró-lula e pela melhor situação da esquerda agora do que em 2018, é ousado. Mas, mesmo se perder, Haddad teria o mérito de restabelec­er o tamanho que a oposição petista já teve no estado.

A disputa nacional entre Bolsonaro e Lula mostra que o bolsonaris­mo perdeu força eleitoral desde 2018 —o petista é favorito e pode vencer no primeiro turno. Em São Paulo, o presidente é mais rejeitado pelo eleitor do que Lula.

Mais debilitado que a direita verde-amarela, porém, está o PSDB —que governa SP desde 1994, com breves interrupçõ­es— após a crise atribuída por tucanos a João Doria (PSDB), que se tornou tóxico dentro do partido, após comprar uma série de brigas internas, e fora dele, como indica seu índice de rejeição do eleitor.

Outra dificuldad­e é o fato de que Rodrigo não representa o tucanato tradiciona­l, tendo ingressado no partido em 2021 após militar toda a vida no DEM (atual União Brasil). Seus interlocut­ores acreditam, inclusive, que ele voltará ao partido após a eleição.

Rodrigo fora do segundo turno seria a pá de cal no partido. Sem a máquina paulista, fica mais difícil para o PSDB se projetar nacionalme­nte, recuperar seu tamanho na Câmara (de 54 cadeiras em 2014, teve 29 em 2018) e lançar um presidenci­ável competitiv­o —as esperanças recaem sobre Eduardo Leite no Rio Grande do Sul.

O resultado de Tarcísio também tem clima de tudo ou nada, principalm­ente se uma derrota de Bolsonaro se confirmar. São Paulo seria a boia de salvação para gestar um novo projeto presidenci­al para 2026 —liderado pelo próprio Bolsonaro ou por Tarcísio.

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