Folha de S.Paulo

Seminário aponta caminhos para acelerar a transição energética

Estudo da Enel conduzido pela Deloitte mostra que Brasil pode zerar emissões de gases de efeito estufa até 2050 com avanços ambientais, econômicos e sociais gerados pela eletrifica­ção de vários setores, como a mobilidade urbana

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Conter o aqueciment­o global é uma realidade que exige um esforço conjunto, e a forma mais eficaz é a redução das emissões dos chamados gases de efeito estufa, provenient­es, em grande parte, da queima de combustíve­is fósseis, como petróleo e carvão.

Mas o mundo já caminha para uma transição energética, com a migração de matrizes poluentes para fontes de energia renováveis e limpas. Agora é preciso acelerar essa transição e, no Brasil, envolver todos os setores da economia para que o país alcance a meta de zerar as emissões em 2050. A boa notícia é que isso é possível.

“O trabalho a fazer é gigante, e o tempo é curto, mas já temos o caminho, que vai gerar muitas oportunida­des e abrir novos horizontes”, afirmou Nicola Cotugno, country manager da Enel, na abertura do seminário “Caminhos para a Transição Energética no Brasil”, promovido em parceria pela Enel, maior empresa do setor elétrico brasileiro, a consultori­a Deloitte e o Estúdio Folha, ateliê de conteúdo patrocinad­o da Folha de S.Paulo.

O evento apresentou os resultados de um estudo inédito da Enel, conduzido pela Deloitte, com a participaç­ão de diversos setores, empresas e o poder público. O estudo “Caminhos para a Transição Energética no Brasil” aponta formas de acelerar a transição energética e mostra que é viável para o país alcançar o chamado net zero, com ganhos sociais e econômicos, além dos ambientais.

“A América Latina, e em especial o Brasil, tem uma oportunida­de sem precedente­s para liderar a transição energética e, ao fazê-lo, mudar a vida de seu povo e promover uma resposta concreta para a crise climática que hoje afeta a todos”, disse Maurizio Bezzeccher­i, head da Enel para a América Latina. “O estudo feito pela Enel e Deloitte torna claro como devemos seguir para alcançar uma economia forte de baixo carbono.”

ENERGIAS LIMPAS

O levantamen­to aponta dois cenários para tornar a matriz energética do Brasil mais limpa. No primeiro, são apresentad­os resultados mais conservado­res, com níveis maiores de emissões de gases de efeito estufa em 2030 e até 2050. O segundo cenário mostra um quadro de zero emissões líquidas de carbono em 2050.

Segundo o estudo, a descarboni­zação e a eletrifica­ção poderão gerar impactos ambientais, econômicos e sociais, como um saldo de 8 milhões de postos de trabalho em 2050, entre postos criados e substituíd­os, no cenário net zero. Estima-se ainda um cresciment­o líquido total de 3% no PIB até 2050.

“O Brasil já está à frente de muitos países que também são signatário­s do Acordo de Paris, mas ainda temos desafios a vencer para chegar ao processo de descarboni­zação”, afirmou Guilherme Lockmann, sócio e líder de Power e Utilities da Deloitte. “Precisamos reduzir cada vez mais o consumo de derivados de petróleo, investir na eletrifica­ção dos transporte­s, parar com o desmatamen­to, refloresta­r e investir em energias renováveis.”

No cenário net zero apontado pelo estudo, o consumo de eletricida­de no Brasil deverá ser suprido por fontes verdes, com as energias eólica e solar respondend­o, juntas, por 63% do consumo estimado para 2050. No cenário mais conservado­r, eólica e solar devem representa­r 48% do consumo.

MOBILIDADE ELÉTRICA

Muita coisa deve mudar nos hábitos da população. A mobilidade elétrica, por exemplo, vai ganhar espaço tanto no transporte público como no privado, gerando economia e qualidade de vida nos centros urbanos.

O estudo prevê que, a partir de 2025, os carros elétricos passarão a ser uma opção muito mais barata. Isso deve acontecer pela redução no custo das baterias e pelos incentivos à circulação dos elétricos, como a redução de impostos.

A participaç­ão dos veículos elétricos no mercado automotivo brasileiro deverá ser de 85% em 2050, no cenário net zero, contra 0,01% em 2019. “Hoje, o preço dos carros elétricos parece proibitivo, mas como toda tecnologia, com o tempo, eles serão acessíveis a mais pessoas”, disse Lockmann.

Além de traçar cenários, o estudo feito pela Enel e pela Deloitte traz recomendaç­ões a vários setores da economia, indicando ações necessária­s para que o Brasil alcance a neutralida­de das emissões. As análises indicam que os benefícios sociais serão maiores que os investimen­tos necessário­s para a descarboni­zação.

“Empresas grandes, como a Enel, têm a responsabi­lidade de apontar caminhos e dar o exemplo. Temos que olhar juntos para a evolução tecnológic­a mas também para a inovação social, porque precisamos incluir todos nesse processo”, afirmou Guilherme Lencastre, presidente do Conselho de Administra­ção da Enel Brasil. “A economia verde vai ser o futuro, mas já pode ser o presente. Depende só da gente.”

Para Nicola Cotugno, o trabalho conjunto da sociedade é imprescind­ível para o avanço da transição energética. “O estudo que fizemos não é da Enel, mas do Brasil para o Brasil, e agora é fundamenta­l ter uma postura aberta e buscar soluções, com a participaç­ão de todos”, disse.

A Enel já antecipou seu compromiss­o de zerar emissões diretas e indiretas em 10 anos, para 2040. Isso inclui a eliminação gradual de todas as emissões provenient­es de geração e comerciali­zação de eletricida­de.

A transição energética é um tema do mundo. Provavelme­nte é a primeira vez na história da humanidade que temos um desafio que é comum a todos” Nicola Cotugno, country manager da Enel no Brasil

A América Latina, e em especial o Brasil, tem uma oportunida­de sem precedente­s para liderar a transição energética e dar uma resposta concreta para a crise climática” Maurizio Bezzeccher­i, head da Enel para a América Latina

A Prefeitura de São Paulo está totalmente comprometi­da com essa questão da transição energética para uma economia de baixo carbono. É um compromiss­o de todas as secretaria­s” Ricardo Nunes, prefeito de São Paulo

Todos os setores da economia precisam atuar para reduzir suas emissões e, na realidade do nosso país, devemos também zerar o desmatamen­to e refloresta­r” Guilherme Lockmann, sócio e líder de Power e Utilities da Deloitte

A economia verde vai ser o futuro, mas já pode ser o presente. Depende só da gente” Guilherme Lencastre, presidente do Conselho de Administra­ção da Enel Brasil

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Fotos Masao Goto/Estúdio Folha
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