Bolsonaro tem apoio de eleitos, e Lula mais palanques nos estados
Petista tem maioria dos candidatos ao governador no 2ª turno, e presidente prevalece onde eleição já terminou
salvador O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começa o segundo turno das eleições com o apoio da maioria dos candidatos a governador que também permanecem na disputa em seus estados.
Dos 24 candidatos que disputam o segundo turno em 12 estados, dez apoiam o petista, nove estão com o presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros cinco ainda não indicaram qual posição devem adotar.
A polarização nacional entre Lula e Bolsonaro deve se replicar no segundo turno em quatro estados que somam 45 milhões de eleitores —São Paulo, Amazonas, Santa Catarina e Espírito Santo.
Em São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT) devem replicar a estratégia do primeiro turno de nacionalizar a disputa local e se ancorar em seus respectivos padrinhos políticos. Terceiro lugar na disputa, o governador Rodrigo Garcia (PSDB) deve ficar neutro.
Já em Santa Catarina, que deu 62,2% dos votos a Bolsonaro, o petista Décio Lima garante um palanque para Lula num estado conservador.
Dois estados terão um segundo turno com dois apoiadores de Jair Bolsonaro: Rondônia e Mato Grosso do Sul. Neste último, o presidente rompeu o acordo que tinha com o tucano Eduardo Riedel e, durante o debate na TV Globo, anunciou apoio a Capitão Contar (PRTB). Ambos disputam o segundo turno de olho no eleitorado de Bolsonaro, que teve 52,7% dos votos ali.
Já em Sergipe, o senador Rogério Carvalho (PT) e o deputado federal Fábio Mitidieri (PSD) são apoiadores declarados de Lula e disputam o segundo turno no estado.
Cinco candidatos que chegaram ao segundo turno ficaram neutros ou apoiaram candidatos da terceira via no primeiro turno. Três deles são do PSDB e dois da União Brasil.
Quatro deles são de estados do Nordeste, região lulista, o que torna remota a possibilidade de um apoio a Bolsonaro.
Disputando o segundo turno contra Jerônimo Rodrigues (PT) na Bahia, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto disse considerar prematuro falar sobre o segundo turno presidencial, mas indicou que deve persistir em neutralidade.
“A gente tem uma linha que já foi apresentada no primeiro turno e que eu não vou, de maneira nenhuma, modificar. Vou mostrar aos baianos que estamos prontos para governar com o presidente que o Brasil escolher”, disse.
Aliados de ACM Neto estimam que metade dos 3,3 milhões de votos que ele teve no primeiro turno foram de eleitores de Lula, motivo que torna improvável um movimento em apoio a Bolsonaro. Jerônimo Rodrigues, por sua vez, vai dobrar a aposta na polarização e tentar ampliar a frente de votos de Lula no estado —o petista teve 69,7% ali.
Pedro Cunha Lima (PSDB), da Paraíba, e Rodrigo Cunha (União), de Alagoas, ainda não se pronunciaram.
Em Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB) está reclusa após a morte de seu marido, Fernando Lucena, no dia da eleição. Sua adversária, Marília Arraes (Solidariedade), indicou que vai nacionalizar a disputa: “O estado vai decidir entre um projeto alinhado ao presidente Lula e um bolsonarismo pintado com outras cores”.
No Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) enfrenta o bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL). Nesta segunda (3), o tucano declarou que rejeita “a régua estreita” da polarização, mas busca construir pontes com o deputado estadual Edgar Pretto (PT), terceiro na disputa pelo governo. “Mas é preciso haver disposição das duas partes para diálogo, senão é um monólogo”, disse.
Se Lula tem a maioria dos candidatos que concorrem no segundo turno, Bolsonaro prevalece entre os governadores já eleitos. O presidente tem o apoio de sete que venceram no primeiro turno, enquanto Lula é aliado de cinco.
O apoio de governadores eleitos, no entanto, tende a ter menos tração para interferir na disputa nacional. Isso porque as estruturas de campanha e cabos eleitorais estarão desmobilizados.
Três governadores reeleitos seguem indefinidos: Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, e Helder Barbalho (MDB), no Pará.
Os dois primeiros têm um histórico de proximidade com Bolsonaro e apoiaram o presidente nas eleições de 2018. Mas buscaram manter distância do presidente durante as eleições estaduais deste ano.
Depois da reeleição em primeiro turno, Zema disse que vai levar para a direção nacional do Novo a decisão. Mas aliados dizem que é pouco provável que o posicionamento pessoal do governador não seja de apoio a Bolsonaro.
O governador reeleito Ronaldo Caiado, por sua vez, tem um histórico de proximidade com Bolsonaro, mas se afastou na pandemia e passou a ser alvo de constantes críticas do presidente. Em seu estado, enfrentou críticas duras dos adversários bolsonaristas.
Questionado sobre quem vai apoiar, Caiado disse que seguirá a decisão que for adotada pela União Brasil, que ainda vai reunir a sua cúpula para deliberar sobre o assunto.
Helder Barbalho, reeleito no Pará, é próximo a Lula e abriu palanque para o petista no primeiro turno, mesmo mantendo o voto em Simone Tebet (MDB). A expectativa no núcleo petista é que ele anuncie apoio ao PT e tente ampliar a margem de votos do expresidente no estado.
“Vou mostrar aos baianos que estamos prontos para governar com o presidente que o Brasil escolher ACM Neto candidato ao governo da bahia