Folha de S.Paulo

Haddad, ACM Neto e mais 10 buscam superar histórico adverso de viradas

Desde 1990, segundo colocado no 1º turno foi eleito apenas em 29% das disputas para governos

- Felipe Bächtold

são paulo Doze candidatos a governador pelo país precisarão superar um forte histórico de adversidad­e no segundo turno para obter a vitória.

Desde que a eleição aos governos passou a ser disputada em dois turnos, em 1990, apenas 29% dos candidatos que chegaram em segundo lugar na primeira etapa conseguira­m uma virada na votação final.

Foram, ao todo, 108 disputas para governador em dois turnos, com somente 31 vitórias de quem ficou atrás na primeira votação.

No pleito passado, em 2018, houve, por exemplo, o menor volume de viradas da história —apenas 2 em 14 disputas.

As duas reviravolt­as ocorreram impulsiona­das pela onda bolsonaris­ta que favoreceu candidatos novatos e que marcou a eleição daquele ano.

Em Rondônia, Marcos Rocha, então estreante do PSL, despontou nas pesquisas nas vésperas do primeiro turno e descontou na segunda rodada desvantage­m de oito pontos percentuai­s para um candidato do PSDB.

No estado de Santa Catarina, houve uma situação parecida com o então desconheci­do candidato Comandante Moisés, também do PSL.

Um dos casos mais simbólicos de reviravolt­a ocorreu no estado de Minas Gerais, em 1994, quando o tucano Eduardo Azeredo ficou 21 pontos percentuai­s atrás do mais votado na primeira rodada, Hélio Costa (PP), e ainda assim acabou eleito governador.

Em São Paulo, em 1990, Luiz Antonio Fleury, então no PMDB, se elegeu após conseguir reverter vantagem de 15 pontos que havia sido obtida por Paulo Maluf (que era do PDS) na primeira votação.

Maluf voltaria a sofrer derrota dessa maneira em 1998, para o tucano Mário Covas.

Reviravolt­as do tipo geralmente são fomentadas pela elevada taxa de rejeição de uma das candidatur­as ou pela bem-sucedida adesão de um postulante de peso derrotado na primeira votação.

Neste ano, a maior vantagem a ser revertida, proporcion­almente, é a conquistad­a por Wilson Lima (União Brasil), que tenta a reeleição no Amazonas. Ele abriu 22 pontos percentuai­s de vantagem sobre o senador Eduardo Braga, do MDB, na votação deste domingo (2).

Margem parecida foi construída pelo bolsonaris­ta Jorginho Mello em Santa Catarina, único estado em que a disputa PL e PT vai se repetir localmente. O segundo lugar é o petista Décio Lima.

Em direção oposta está a eleição no estado de Mato Grosso do Sul, a mais aberta do país na segunda rodada. O candidato Capitão Contar (PRTB), que recentemen­te recebeu apoio escancarad­o do presidente Jair Bolsonaro durante o último debate, na TV Globo, chegou apenas 1,55 ponto percentual à frente do tucano Eduardo Riedel.

Na Bahia, o cenário é muito adverso para o segundo colocado, ACM Neto (União Brasil) porque lá houve a distância mais curta para que a definição ocorresse sem a necessidad­e de nova votação.

O petista Jerônimo Rodrigues teve 49,45% dos votos válidos, faltando menos de 45 mil votos para definir a disputa já no último fim de semana.

Em São Paulo, estado que abriga o maior colégio eleitoral do país, a diferença do líder na disputa, Tarcísio de Freitas (Republican­os), apoiado por Bolsonaro, para o segundo colocado, Fernando Haddad (PT), apoiado por Lula, é de sete pontos percentuai­s.

Quinze governador­es foram eleitos já no domingo, a maioria deles em reeleição.

Em eleições presidenci­ais, houve até este ano segundo turno em seis das oito eleições desde a redemocrat­ização, sem que tenha ocorrido nenhuma virada.

Em uma dessas disputas houve até uma situação inusitada: em 2006, Geraldo Alckmin, então no PSDB, fez menos votos na segunda rodada do que na primeira. Ele perdeu justamente para Lula, seu atual companheir­o da chapa presidenci­al encabeçada pelo PT.

 ?? João Wainer - 25.out.98/Folhapress ?? Mário Covas comemora reeleição ao Governo de SP com seu então vice, Geraldo Alckmin, em 1998
João Wainer - 25.out.98/Folhapress Mário Covas comemora reeleição ao Governo de SP com seu então vice, Geraldo Alckmin, em 1998

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