Folha de S.Paulo

SP precisa barrar quem não joga o jogo da democracia, afirma eleita do PSOL

- Walter Porto

sÃo paulo Se algum dia a onda de mandatos coletivos pareceu estar em xeque, uma nova lufada veio este ano com a proliferaç­ão do modelo entre postulante­s ao Parlamento e, agora, com a eleição da Bancada Feminista, do PSOL de São Paulo, como a candidatur­a feminina mais votada para as Assembleia­s estaduais.

A partir do ano que vem, uma das cadeiras da Alesp será dividida entre cinco mulhe- res negras —a jornalista Si- mone Nascimento, do Movimento Negro Unificado; a ativista e pesquisado­ra Caroline Iara, que se identifica como mulher intersexo e travesti; as educadoras Mariana Souza e Sirlene Maciel; e a advogada criminalis­ta Paula Nunes, que deu esta entrevista em nome do grupo.

Quais são seus projetos prioritári­os para essa legislatur­a?

Somos um mandato eleito com lutadoras de diversas áreas, representa­das em diversos movimentos sociais.

Listamos como projetos prioritári­os a educação para igualdade racial e de gênero nas escolas estaduais e Etecs; o auxílio emergencia­l a mulheres vítimas de violência doméstica; as cotas trans nas universida­des paulistas; a obrigatori­edade de uso de câmeras nos uniformes de todos os agentes de segurança; e, por fim, um fundo de combate a tragédias socioambie­ntais em São Paulo.

Como avalia o resultado das eleições?

Vimos um aumento do número de mulheres na Alesp, é um recorde, mas ainda muito baixo perto do eleitorado e das candidatur­as femininas [serão 25 cadeiras de 70]. É um cenário de algumas mudanças, mas que mostra uma força do bolsonaris­mo, que é a maior surpresa e se vê no número estrondoso de parlamenta­res eleitos pelo PL.

A que atribui esse vigor do bolsonaris­mo?

No lado bolsonaris­ta existe uma força que, infelizmen­te, não joga o mesmo jogo que nós. Trabalha com notícias falsas, com a violência. Não joga o jogo da democracia.

O próximo governador não será do PSDB pela primeira vez em quase 30 anos. O que isso significa?

Doria foi eleito com o ‘Bolsodória’ e, ao longo do mandato, rompeu com essa marca. Só que isso desidratou sua popularida­de.

A ruptura do PSDB com o governo Bolsonaro foi acertada. Agora é importante entender a responsabi­lidade que [o governador] Rodrigo Garcia e o partido vão ter diante dessa eleição. Espero que, assim como o PSDB tem sido um ponto de apoio na luta em defesa da democracia em outros locais, também seja aqui em São Paulo. Que não seja parte do movimento que pode eleger um governador bolsonaris­ta por aqui.

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Reprodução/Instagram Paula Nunes (centro) entre Simone, Carolina, Mariana e Sirlene, da recém-eleita Bancada Feminista

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