Indústria de táxi aéreo elétrico deve passar por ‘seleção natural’
O número de empresas do setor de táxi aéreo elétrico encolherá no próximo ano, à medida que os investidores apertam os cintos em meio à incerteza econômica global e se concentram em projetos que acreditam que darão resultados.
“Espero mais ‘sacudidas’ no próximo ano”, disse Gary Gysin, presidente-executivochefe da Wisk Aero, empreendimento apoiado pela Boeing. Ele disse que o financiamento para “muitas dessas empresas está acabando. A questão é: elas conseguirão outro aumento [de capital] e continuarão, ou não?”
O setor atraiu bilhões de dólares nos últimos anos, pois os investidores compraram o sonho de transporte rápido e acessível nos céus, embora os reguladores da aviação ainda não tenham certificado os veículos.
“Acho que não houve atenção suficiente para os planos de negócios das pessoas que realmente vão operar essas aeronaves”, disse Kevin Michaels, diretor administrativo da AeroDynamic Advisory. “A maior parte da atenção está nos próprios veículos e nas tecnologias. Mas como as pessoas podem realmente ganhar dinheiro? Você pode ter um Uber no céu?”
As pessoas vão dobrar as apostas nos projetos que acham que realmente darão certo”, acrescentou, dizendo que os investidores se tornaram “muito mais inteligentes e racionais sobre o que é preciso para ter sucesso nesse mercado” após a onda de entusiasmo do ano passado, durante a qual várias empresas foram listadas por meio de companhias com propósito específico de aquisição (Spacs).
Gysin disse acreditar que, em última análise, apenas quatro ou cinco empresas ficarão de pé, e citou as concorrentes Beta Technologies e Joby Aviation como rivais que ele “respeita”.
Ele insistiu que o financiamento da Wisk continuará, apesar de um dos principais investidores da empresa, a start-up de táxi aéreo Kittyhawk, ter anunciado na semana passada que será encerrada.
Formada como joint venture entre a Boeing e a Kittyhawk (apoiada pelo cofundador do Google Larry Page), ela recebeu mais US$ 450 milhões no início do ano do gigante fabricante de aviões, acionista majoritária.
A saída do mercado da Kittyhawk “não teve nenhum impacto sobre nós” porque Page “ainda está no jogo” com vários investimentos no espaço, disse Gysin. A Wisk não precisa encontrar outro parceiro, mas está “aberta e em conversas” com outras empresas, acrescentou.
O grupo difere da maioria dos rivais, pois se concentra no voo autônomo. Deve revelar seu veículo de última geração, de quatro lugares, no início do próximo mês.