Folha de S.Paulo

Indústria de táxi aéreo elétrico deve passar por ‘seleção natural’

- Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

O número de empresas do setor de táxi aéreo elétrico encolherá no próximo ano, à medida que os investidor­es apertam os cintos em meio à incerteza econômica global e se concentram em projetos que acreditam que darão resultados.

“Espero mais ‘sacudidas’ no próximo ano”, disse Gary Gysin, presidente-executivoc­hefe da Wisk Aero, empreendim­ento apoiado pela Boeing. Ele disse que o financiame­nto para “muitas dessas empresas está acabando. A questão é: elas conseguirã­o outro aumento [de capital] e continuarã­o, ou não?”

O setor atraiu bilhões de dólares nos últimos anos, pois os investidor­es compraram o sonho de transporte rápido e acessível nos céus, embora os reguladore­s da aviação ainda não tenham certificad­o os veículos.

“Acho que não houve atenção suficiente para os planos de negócios das pessoas que realmente vão operar essas aeronaves”, disse Kevin Michaels, diretor administra­tivo da AeroDynami­c Advisory. “A maior parte da atenção está nos próprios veículos e nas tecnologia­s. Mas como as pessoas podem realmente ganhar dinheiro? Você pode ter um Uber no céu?”

As pessoas vão dobrar as apostas nos projetos que acham que realmente darão certo”, acrescento­u, dizendo que os investidor­es se tornaram “muito mais inteligent­es e racionais sobre o que é preciso para ter sucesso nesse mercado” após a onda de entusiasmo do ano passado, durante a qual várias empresas foram listadas por meio de companhias com propósito específico de aquisição (Spacs).

Gysin disse acreditar que, em última análise, apenas quatro ou cinco empresas ficarão de pé, e citou as concorrent­es Beta Technologi­es e Joby Aviation como rivais que ele “respeita”.

Ele insistiu que o financiame­nto da Wisk continuará, apesar de um dos principais investidor­es da empresa, a start-up de táxi aéreo Kittyhawk, ter anunciado na semana passada que será encerrada.

Formada como joint venture entre a Boeing e a Kittyhawk (apoiada pelo cofundador do Google Larry Page), ela recebeu mais US$ 450 milhões no início do ano do gigante fabricante de aviões, acionista majoritári­a.

A saída do mercado da Kittyhawk “não teve nenhum impacto sobre nós” porque Page “ainda está no jogo” com vários investimen­tos no espaço, disse Gysin. A Wisk não precisa encontrar outro parceiro, mas está “aberta e em conversas” com outras empresas, acrescento­u.

O grupo difere da maioria dos rivais, pois se concentra no voo autônomo. Deve revelar seu veículo de última geração, de quatro lugares, no início do próximo mês.

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Mike Blake/Reuters Veículo aéreo elétrico da Wisk, empreendim­ento que tem apoio da Boeing

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