Múcio diz que risco de bolsonaristas armados pesou
BRASÍLIA O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou nesta terça (31) que o aumento de mais de 800 mil registros de CACs (caçadores, atiradores e colecionadores) no governo Jair Bolsonaro (PL) trazia desconfiança sobre a possibilidade de haver pessoas armadas no acampamento em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília.
“O Exército tem 220 mil homens, e no governo passado foram autorizados quase 800 mil CACs. Então tem 800 mil pessoas no Brasil que tiveram licença para andar armadas. Então você pode prever e desconfiar de tudo que poderá acontecer”, disse Múcio à Bandnews TV.
O número de armas de fogo nas mãos dos CACs chegou a 1 milhão em julho de 2022. Em 2018, antes da política armamentista do governo Bolsonaro, eram 350 mil.
O ministro relatou que as conversas na noite do dia dos ataques foram tensas, com “palavras ásperas e tudo”.
“Evidentemente, aquela troca de diálogo de que todos tomaram conhecimento entre o secretário de Segurança que foi nomeado naquela noite [o interventor Ricardo Cappelli] com quem estava no comando do Exército foram palavras duras. Nós precisamos ir lá meia-noite e meia, fui acompanhado do ministro Flávio Dino e do ministro Rui Costa”, completou.
Questionado se Lula dera aval o desmonte ocorrer no dia 9, Múcio não respondeu.
“Quem deu poder para que os acampamentos, que as manifestações fossem todas desmontadas, foi a Justiça, o ministro Alexandre de Moraes. O presidente Lula sempre desejou desmontar aquilo. Eu conversei muito com aquele povo [do Exército], sabia da dificuldade de desmontar, porque era uma coisa muito mais sólida e organizada do que uma manifestação de civis”.
Múcio disse que “tudo aconteceu na hora certa” e repetiu que o principal erro foi permitir que as caravanas que chegaram no fim de semana do ataque se juntassem ao acampamento.