Folha de S.Paulo

Aprendeu a ser padeiro e ver o lado bom da vida

JOSÉ MIGUEL DE LIMA (1937 - 2023)

- coluna.obituario@grupofolha.com.br Patrícia Pasquini

são paulo Até ser o padeiro mais famoso de sua terra natal, Tabira (PE), José Miguel de Lima trilhou caminhos difíceis. Trocou as brincadeir­as da infância pela mão de obra na roça. Foi agricultor, assim como os pais.

Na adolescênc­ia, quando ia à padaria comprar pão, observava o processo de fabricação do alimento. De olhar, aprendeu o ofício e pediu ao dono uma oportunida­de de emprego. Entrou como ajudante e se aprimorou. Mais tarde, abriu a própria padaria, a Deus Proteja.

Zé Padeiro, como era chamado, tornou-se conceituad­o na cidade, pelo conhecimen­to e referência de honestidad­e e comprometi­mento, segundo a representa­nte comercial Elisângela Siqueira Lima dos Santos, 40, sua neta.

Ana Rosina de Lima, com quem se casou aos 18 anos, o ajudava no balcão.

A chegada da clientela afastou as dificuldad­es aos poucos e o casal comprou o primeiro carro, usado tanto para levar a família nos passeios quanto para entregar pães.

Tiveram oito filhos, três homens e cinco mulheres, que cresceram e foram trabalhar na padaria. Com a situação financeira melhor, cada um que se casou ganhou uma casa do pai. “A vida dele foi ajudar os filhos e netos”, diz Elisângela.

José praticou a generosida­de dentro e fora de casa. “Na Sexta-Feira Santa, ele deixava as caixas de pão em casa e distribuía a quem pedisse. Não negava pão a ninguém. Ajudava os amigos, contratava os desemprega­dos mesmo sem precisar só para ajudar”, conta a neta.

Após mais de 20 anos de funcioname­nto, ele fechou a Deus Proteja. Além de cansado, dizia que já havia completado a sua missão na padaria.

Ele deixou com cada familiar e amigo um pouco da sua sabedoria. Ensinou aos filhos e netos lições de honestidad­e, lealdade, obediência e respeito, principalm­ente em relação aos pais.

Paciente e otimista, preferia ver o lado bom da vida, que também foi feita de perdas: quatro filhos e a esposa, com quem ficou casado mais de 60 anos.

“Quando a minha mãe morreu, encontrei no meu avô as forças que não tinha naquele momento de dor. Ele me consolou. Disse que minha mãe cumpriu a missão dela na terra e Deus a chamou de volta e que temos que nos conformar porque Deus vai nos chamar também. Meu avô chegou lúcido até o fim”, relata Elisângela. José Miguel de Lima partiu dia 11 de janeiro, aos 85 anos. Foi morte natural. Viúvo, deixou quatro filhos, netos e bisnetos.

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