Folha de S.Paulo

Pamela Anderson é retratada para além de símbolo sexual em filme

Diretor do documentár­io diz que o público está pronto para receber de volta a atriz, que faz 56 anos em 2023

- Tony Goes

Pamela Anderson foi uma das mulheres mais famosas do mundo na década de 1990, e o maior símbolo sexual daquela época. Sua imagem estava por toda parte: nas revistas masculinas, para as quais posava nua sem a menor cerimônia; nas telas de TV, onde aparecia como uma das estrelas da série “S.O.S. Malibu”; e na internet, que ainda estava em seus primórdios.

A carreira de Pamela ia de vento em popa, até descarrila­r por causa de um vídeo íntimo. Ela e seu primeiro marido, Tommy Lee, baterista da banda Mötley Crüe, foram as primeiras celebridad­es a serem vítimas de um tipo de crime que depois se tornou tristement­e comum: um vídeo caseiro onde aparecem fazendo sexo foi roubado da mansão do casal, e depois vendido em forma de fita VHS ou DVD. Pamela e Tommy tentaram em vão tirar o vídeo de circulação, e recusaram fortunas para ceder legalmente a terceiros os direitos das imagens. O stress da batalha nos tribunais contribuiu para o fim do casamento da atriz. Os convites profission­ais também diminuíram, e ela nunca mais recuperou o estrelato.

Depois de anos sendo alvo de piadas sobre sua exuberante forma física e outros tantos vivendo no ostracismo, Pamela está em evidência outra vez. O documentár­io “Pamela Anderson – Uma História de Amor” chega à Netflix, e mostra que há uma pessoa por trás do famoso par de seios.

O fillme foi dirigido pelo documentar­ista Ryan White, nome por trás do badalado “Boa Noite, Oppy”, sobre a sonda Opportunit­y, enviada pela Nasa ao planeta Marte.

“Eu era um adolescent­e quando Pamela Anderson estava no auge da fama”, conta White em entrevista por vídeo. “Ela foi a Kim Kardashian, ou a Marilyn Monroe, da minha geração. Mas eu não pensei muito nela nos últimos 20 anos. Meus produtores me trouxeram a ideia de fazer este documentár­io, mas não me interessei muito. Achei que não era o tipo de filme que eu costumo fazer.” Uma conversa de três horas por videoconfe­rência com a atriz mudou a cabeça do cineasta. “Ela é completame­nte diferente do que eu imaginava. Muito inteligent­e e engraçada, uma ótima contadora de histórias. Estava mais interessad­a em mim do que no filme em si. E eu também fui atraído pelo fato de ela não ter um time enorme de agentes e assessores ao seu redor. Pamela está sozinha, e deixou de ser uma celebrida-* de há muito tempo”.

A atriz voltou a viver com seus pais em sua terra natal, a ilha de Vancouver, próxima à cidade canadense do mesmo nome. Durante quase dois anos, White e sua equipe viajaram para lá quase todo mês, para colher depoimento­s da família Anderson. O filho mais velho de Pamela, Brandon, é um dos produtores do filme, e fala bastante. Dylan, o mais novo, é mais tímido, mas também dá seu testemunho.

Ryan White ainda teve a oportunida­de de registrar dois momentos cruciais para sua biografada. O primeiro deles foi a estreia da minissérie “Pam & Tommy” em fevereiro de 2022, disponível no Brasil na plataforma Star+. Pamela se recusou a assistir ao programa, que retrata justamente a maior crise de sua vida —o escândalo do vídeo íntimo com o ex-marido. Ela reclama de não ter sido sequer consultada pela produção.

O segundo momento foi mais feliz. No começo do ano passado, Pamela Anderson foi convidada a fazer, durante dois meses, o papel de Roxie no musical “Chicago”, na montagem que está em cartaz em Nova York desde 1996. Detalhe: a atriz jamais havia cantado ou dançado profission­almente. ”Eu morri de medo por ela”, admite White. “Mas Pamela é corajosa e aceitou o convite na hora. Teve apenas sete semanas para se preparar. No dia da estreia, eu mal conseguia respirar de tão nervoso. Temia que ela esquecesse as letras ou passasse vergonha no palco. Mas foi tudo perfeito.” ”Pamela completa 56 anos em 2023. Acho que o público está pronto para recebê-la de volta. Meu filme mostra como ela é uma mulher que acredita no amor. Não só no amor romântico [a atriz foi casada cinco vezes], mas também na conexão entre um ser humano e outro”.

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Netflix/Divulgação Atriz em ‘Pamela Anderson – Uma História de Amor’

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