Folha de S.Paulo

Governo dá prazo de 60 dias para registrar armas na PF

Cadastro atinge grupos que hoje só têm registro no Exército, como os CACs

- Marianna Holanda e Raquel Lopes

brasília O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou, nesta quarta-feira (1º), que todas as armas no país sejam registrada­s no sistema da Polícia Federal, conhecido como Sinarm (Sistema Nacional de Armas).

A portaria foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira e assinada por Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública. O texto dá 60 dias para que seja feito o cadastro.

A medida é uma forma de aumentar o controle sobre a circulação de armamento em território brasileiro e ocorre na esteira do decreto de 1º de janeiro que, entre outras coisas, limitou a quantidade de armas e munições de uso permitido. O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro editou normas que flexibiliz­aram as regras de acesso a armas e munições.

O cadastrame­nto atinge grupos que possuem armas cadastrada­s no Sigma (Sistema de Gerenciame­nto Militar de Armas), do Exército, como os CACs (caçadores, atiradores e colecionad­ores). A medida vale para quem obteve arma a partir de maio de 2019.

De acordo com as novas regras, as pessoas deverão realizar na Polícia Federal os novos registros. E, no caso de armas de uso restrito, deverão ainda apresentar as armas nas delegacias da PF, com a comprovaçã­o do registro do Exército.

A portaria determina que o proprietár­io que descumprir a determinaç­ão estará sujeito a apreensão de suas armas e poderá ser alvo de apuração pelo cometiment­o de ilícito.

As regras divulgadas nesta quarta-feira pelo ministério trazem detalhamen­to do que já constava em decreto publicado por Lula no primeiro dia de governo.

À época, Dino explicou que as armas que não forem recadastra­das se tornarão ilegais e poderá haver a apreensão. A intenção é saber efetivamen­te o que há de armas registrada­s no Brasil e onde elas se encontram.

“As normas operaciona­is serão editadas pela Polícia Feforma deral. Haverá um sistema híbrido: eletrônico e presencial. Dependendo da condição, do armamento, da gravidade e lesividade potencial do armamento haverá necessidad­e ou não de apresentaç­ão física. As normas operaciona­is serão editadas pela Polícia Federal ainda nesta semana”, explicou o ministro, em entrevista a jornalista­s.

Uma série de mudanças na política armamentis­ta ocorreu com a publicação do decreto do início de janeiro deste ano, entre elas, o texto suspende a aquisição de arma de fogo de uso restrito para CACs e coloca nesse primeiro momento um quantitati­vo menor de armas que podem ser adquiridas de uso permitido.

A suspensão da aquisição irá ocorrer até a entrada em vigor de uma nova regulament­ação do Estatuto do Desarmamen­to. O decreto institui um grupo que fará esse trabalho em até 60 dias. Há uma sugestão do grupo de transição da Justiça e Segurança Pública de dar mais poder à Polícia Federal e esvaziar o poder do Exército.

A equipe do presidente Lula sugeriu que a Polícia Federal passe a ser responsáve­l pela concessão de registro e pela autorizaçã­o para aquisição de armas para CACs. Atualmente, esse papel é do Exército.

Conforme apontado na conclusão dos trabalhos da transição de governo, as armas passariam a ser cadastrada­s no Sinarm. Já as informaçõe­s sobre aquelas de uso restrito devem ser compartilh­adas com o Exército e também estarão no Sigma, usado pelos militares.

 ?? Gabriela Biló/Folhapress ?? Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, nesta quarta
Gabriela Biló/Folhapress Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, nesta quarta

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil