Valdemar diz à PF que frase sobre ter minuta em casa foi metáfora
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou à Polícia Federal que foi uma metáfora a declaração que deu durante uma entrevista sobre a existência de propostas de minutas de teor golpista em poder de autoridades ligadas ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ele buscou minimizar os documentos, chamando-os de “bobagem”. Valdemar afirmou não possuírem identificação, que “visivelmente não tinham sentido nenhum” e os triturava.
O dirigente disse, aos investigadores, ter recebido duas ou três propostas dessas, depois três ou quatro. E afirmou que “sempre foi contra golpe”.
O dirigente do PL entregou seu celular espontaneamente à polícia para ser periciado. O depoimento ocorreu por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), após Valdemar dizer, em entrevista ao jornal O Globo, que também já recebeu minutas golpistas.
Valdemar disse também aos investigadores que falou de “forma genérica”, uma “força de expressão”, e que não quis defender ninguém quando falou que também recebeu documentos como o que estava na casa de Anderson Torres, ex-ministro de Bolsonaro.
Uma cópia de uma minuta para que Bolsonaro decretasse o estado de defesa no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), visando mudar o resultado das eleições, foi apreendida pela PF na casa do ex-secretário de Segurança Pública do DF e ex-titular da Justiça de Bolsonaro.
Em seu depoimento aos investigadores, Valdemar disse ainda que as propostas golpistas que recebeu evocavam o artigo 142 da Constituição Federal, um argumento utilizado por bolsonaristas para defender intervenção militar.
Ministros do STF, em decisões monocráticas, já afastaram a possibilidade de as Forças Armadas serem poder moderador, como defende a tese golpista, e disseram não haver isso no texto constitucional. Apoiadores do ex-mandatário, contudo, sustentam essa tese.
Valdemar também afastou o seu partido e o ex-presidente de qualquer relação com as propostas golpistas. Ele afirmou que nunca tratou desse assunto no PL, nem com Bolsonaro.
“[Valdemar disse] que acreditava que se ficasse com um documento desses, alguém poderia dizer que estaria ‘a favor do golpe’. Que também não se sentia a vontade em manter esses documentos em casa para que ninguém, inclusive sua família, pensasse que estava tramando alguma coisa, que sempre foi contra golpe”, diz trecho do depoimento, ao ser questionado sobre o motivo de ter triturado as minutas golpistas.