Folha de S.Paulo

Reforma tributária deve levar ao menos seis meses, diz Tebet após reunião com Lira

- Victoria Azevedo

A ministra do Planejamen­to, Simone Tebet, afirmou nesta quinta-feira (2) após reunião com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que a discussão da reforma tributária se prolongará por ao menos seis meses. A proposta está entre as principais prioridade­s da agenda econômica do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo ela, não há como concluir a discussão antes desse prazo —ou seja, até o começo de agosto. “A reforma tributária é um processo que começa agora, mas a gente está, mais ou menos, definindo alguma coisa em torno de seis meses. Não dá para falar em uma reforma tributária em menos [tempo] que isso.”

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) vem afirmando que a reforma tributária estaria apta para ser votada ainda no primeiro semestre e que acreditava ser possível uma aprovação até abril na Câmara dos Deputados. Lira também mencionou nos últimos dias que a intenção do governo é uma deliberaçã­o até abril.

Tebet, porém, ressaltou que o governo ainda não conhece o novo Legislativ­o. “Temos de dar o tempo deles. O importante é que a reforma tributária caminhe”, afirmou.

“E ela vai caminhar porque tem boa vontade do Congresso, do presidente Lira, do presidente Pacheco. É uma determinaç­ão do presidente Lula para que a equipe econômica possa avançar e se colocar à disposição do Congresso para avançar nessa pauta”, disse.

A visita da ministra a Lira marca sua entrada na articulaçã­o pela reforma, fortalecen­do a busca do governo pela aprovação do texto.

“O Haddad já tinha feito essa interlocuç­ão, agora faltava a ministra do Planejamen­to fazer também”, disse Tebet.

Segundo ela, a votação da reforma deverá começar pela Câmara e a ideia é que esse texto seja alinhado em conjunto entre as duas Casas.

Tebet disse que também apresentou a Lira a preocupaçã­o de estados com a perda de arrecadaçã­o com o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria­s e Serviços).

A ministra e Lira se reuniram um dia após o deputado ter sido reeleito presidente da Câmara por mais dois anos com uma votação recorde. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também foi reeleito.

Ao ser questionad­a se o resultado daria uma segurança maior ao governo para votação de suas pautas, Tebet disse que a reforma tributária não tem a ver com a eleição do Senado, porque “sua necessidad­e é uma unanimidad­e no Senado, sempre foi”.

“Todos os elementos estão postos positivame­nte a favor da tramitação mais célere o possível da reforma tributária. O conteúdo e como vai vir é uma outra história que começa a ser escrita a partir de agora através da Câmara dos Deputados.”

O prazo menor, de três meses, foi citado por Lira após o resultado da eleição, na noite de quarta (1º). Ele afirmou que a intenção do governo Lula é dar prioridade à abertura da discussão sobre a reforma e votar o tema em até três meses.

Segundo ele, o prazo para a reforma tributária foi definido para dar tempo aos parlamenta­res reabrirem as discussões sobre o tema, em conversas com gestores públicos e empresário­s.

Tebet afirmou que a pasta vai se voltar agora à elaboração do PLDO (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentár­ias), espécie de prévia do Orçamento e que traz as metas de resultado das contas públicas. A proposta precisa ser enviada ao Congresso até 15 de abril.

Um complicado­r para a tarefa neste ano é que a peça deve ser entregue ainda durante as discussões sobre a regra fiscal que substituir­á o teto de gastos, o que cria incertezas.

“Nós temos um prazo para a LDO, que vai caminhar junto com a nova âncora fiscal. Abril é o prazo que a gente tem que entregar [o projeto da LDO]. Então, como peça mais importante agora no caso do Planejamen­to é a LDO. Mas não tratamos disso”, afirmou.

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Adriano Machado - 5.jan.23/reuters Simone Tebet, do Planejamen­to

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