Mais da metade dos blocos vai sair no centro e na zona oeste
Ao todo, 511 grupos desfilarão pelas rua de São Paulo a partir de 11 de fevereiro
“Livre, democrático e descentralizado.” Foi assim que o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), definiu o Carnaval de 2023 em entrevista para jornalistas na manhã desta quinta-feira (2).
De acordo com a gestão municipal, 665 blocos de rua se inscreveram para participar da programação. Desse total, 511 vão desfilar e 154 foram cancelados.
Apesar de o prefeito enfatizar a descentralização dos cortejos, 52% sairão pela regiões central e zona oeste da cidade. Serão 68 blocos na zona leste, 101 na zona sul, 76 na zona norte, 145 na zona oeste e 121 no centro.
Os desfiles começam no fim de semana de 11 e 12 de fevereiro, no pré-carnaval, quando saem pelas ruas 180 blocos. Os cortejos seguem durante a folia oficial, de 18 a 21, e terminam nos dias 25 e 26.
A gestão municipal conseguiu patrocínio de R$ 25,6 milhões para organizar os desfiles na rua. A empresa que venceu a licitação, do ramo de cervejarias, poderá divulgar até dez marcas nos locais por onde os foliões vão passar.
Os desfiles marcam o retorno oficial dos blocos de rua após dois anos da pandemia da Covid-19. A prefeitura afirma que a expectativa é que seja a maior festa já registrada da cidade e que deve atrair um público ainda maior que em 2020, quando cerca de 15 milhões festejaram nas ruas.
Para os megablocos, assim como os grandes e de médio porte, haverá a revista na entrada e não será permitido acesso com bebidas de vidro.
Essas atrações serão concentradas na rua da Consolação, na avenida Luís Dumont Villares, no Ibirapuera, na avenida Brigadeiro Faria Lima, na avenida Marquês de São Vicente e na rua Laguna. Já os circuito dos grandes e médios blocos acontecem na avenida Hélio Pellegrino, na rua Henrique Schaumann, na avenida Paulo 6º/sumaré e na avenida Vereador Abel Ferreira.
Entre as ações de segurança anunciadas pela prefeitura está a ampliação do rol de crimes atendidos na delegacia eletrônica, incluindo crimes sexuais, preconceito e intolerância. O delegado-geral Artur Dian disse que as delegacias móveis estarão em pontos-chaves para emergências e que durante as festas haverá reforço nos plantões.
Em relação aos serviços de saúde, a cidade contará com postos médicos e ambulâncias estruturadas para atendimentos básicos e de suporte avançado à vida (UTIS móveis).
Para os blocos maiores, serão disponibilizadas cem ambulâncias fixas, sendo que 20 possuem suporte avançado.
O prefeito tem como meta que 50% dos materiais coletados sejam reciclados. Alexandre Modonezi, secretário municipal de subprefeitura, considera o índice ousado, mas afirmou que a ideia é transformar o Carnaval em oportunidade de geração de renda para cooperativas.
Na quarta-feira (1º), oito entidades que reúnem as agremiações emitiram uma nota pública criticando o que chamam de “cenário de abandono” da gestão em relação ao Carnaval de rua. De acordo com o coletivo, há “falta de planejamento, ausência de transparência e diálogo”.
“Até agora não tivemos acesso a informações sobre questões fundamentais para a garantia de desfiles tranquilos.”
A secretária de Cultura, Aline Torres, afirma que existe diálogo. “Começamos a fazer um planejamento interno do Carnaval devido ao número de entidades e secretarias que precisam fazer esse planejamento, a contratação de serviços, a licitação com o patrocínio que só foi assinada no início desse ano, tudo isso atrasou o processo, mas houve planejamento”, disse.
A secretaria reconhece que, diferentemente do que ocorre com escolas de samba, os blocos não possuem uma entidade que unifique as demandas.
Por isso, a prefeitura formou uma comissão de dez blocos para que houvesse um canal de comunicação. “Num formato de 600 blocos, termos um pequeno grupo dizendo que não houve diálogo, há outro entendimento por trás.”
Em um dos trechos do manifesto, os blocos cobram garantia de que poderão sair sem sofrer repressão e de que não serão responsabilizados “por aquilo que deveria ser papel do poder público garantir”.
Nunes rebate: “A questão que mais me incomoda é dizer que a gente vai atuar com truculência. De forma nenhuma. A gente reconhece a importância dos blocos”.
Torres foi questionada sobre o bloco Tarado Ni Você, que está fora da programação por ter perdido o prazo de cadastro, encerrado em novembro. A gestão descarta possibilitar nova inscrição do bloco.
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Num formato de 600 blocos, termos um pequeno grupo dizendo que não houve diálogo, há outro entendimento por trás
Aline Torres secretária de Cultura de São Paulo