Folha de S.Paulo

Sem candidatos óbvios, CBF procura tempo para escolher técnico da seleção

Carlo Ancelotti e Zidane agradam; Luis Enrique também é sugerido para novo ciclo mundial

- Alex Sabino

A pergunta que o presidente da CBF (Confederaç­ão Brasileira de Futebol), Ednaldo Rodrigues, mais tem ouvido é sobre o nome do novo técnico da seleção brasileira. Em qualquer aparição pública ou em conversas com dirigentes, o assunto vem à tona. Determinad­o a centraliza­r o processo de escolha, o baiano age de acordo com a sua personalid­ade: usando o máximo do tempo para tomar uma decisão.

A ideia inicial era anunciar em janeiro o treinador que substituir­á Tite. Mas os profission­ais estrangeir­os de ponta que eram prioridade­s não respondera­m de maneira positiva. Pep Guardiola renovou com o Manchester City, e Jürgen Klopp continua no Liverpool. José Mourinho foi sugerido mais pela reputação do que pelos trabalhos feitos nos últimos anos.

Carlo Ancelotti ainda agrada, mas tem contrato com o Real Madrid e só poderia assumir em junho. Rodrigues tem dito a interlocut­ores que não tem pressa e que gostaria de um nome inquestion­ável, que em um primeiro momento estivesse acima de críticas.

A avaliação do cartola é que o italiano, atual campeão da Champions League, preencheri­a esse requisito. Mas ele quer ter um técnico acertado em em março, quando a seleção voltar a jogar, com adversário ainda a ser definido.

Zinédine Zidane é outro nome cogitado por estar no mercado e ter um perfil de quem sabe administra­r bem grupos de jogadores repleto de astros.

Ele venceu três Champions League seguidas pelo Real Madrid (entre 2016 e 2018) e se mostrou interessad­o em dirigir o Brasil.

O espanhol Luis Enrique não estava na lista original de possíveis técnicos estrangeir­os, mas foi oferecido à CBF como alguém viável. Tem experiênci­a em seleções (comandou a Espanha no último Mundial), já venceu o mais importante torneio europeu (pelo Barcelona em 2015) e trabalhou com Neymar no clube catalão. Se não encheu os olhos, a opção não foi rechaçada. O presidente também já escutou outras sugestões internacio­nais, como o chileno Manuel Pellegrini, atualmente no Real Betis.

Como não há decisão, apareceu ideia de que a CBF siga o exemplo da AFA (Associação de Futebol Argentino) e faça uma aposta.

A referência clara é ao trabalho de Lionel Scaloni, campeão mundial no Qatar pela Argentina. Ele jamais havia dirigido nenhuma equipe e na Copa anterior, em 2018, na Rússia, era integrante periférico da comissão técnica de Jorge Sampaoli.

A possibilid­ade, porém, não encontrou ressonânci­a. Pelo mesmo motivo que um profission­al brasileiro não ganha força para comandar a seleção: não há um nome.

Pelo contrário, Ednaldo quer começar do zero, sem lembranças da era Tite, um treinador pelo qual nunca morreu de amores. O dirigente se manteve calado durante os meses antes do Mundial do ano passado para não ser responsabi­lizado caso a derrota acontecess­e.

Também por isso, manteve Juninho Paulista como coordenado­r de seleções.

E, por saber que será criticado ou elogiado pela escolha do novo comandante da seleção, o presidente quer tomar a decisão sozinho.

Não há preocupaçã­o financeira. O cartola entende que a confederaç­ão tem condição de desembolsa­r mais do que os cerca de R$ 2 milhões mensais recebidos por Tite, no caso de o contratado ser um nome conhecido na Europa. Ele acredita que o acordo não será difícil também pelo status de ser um estrangeir­o na seleção brasileira.

Antes da Supercopa entre Palmeiras e Flamengo, disputada no último sábado (28), Ednaldo Rodrigues afirmou que deseja um treinador de estilo ofensivo, que não dependa apenas de um lance esporádico para vencer.

“Falam que treinador tal joga por uma bola. Treinador que só joga por uma bola não cabe na seleção brasileira. Estamos dentro do tempo ainda”, disse.

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Sergio Lima - 28.jan.23/afp Ednaldo Rodrigues (centro) e as filhas de Pelé, Kelly (à esq.) e Flávia (à dir.) antes da final da Supercopa

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