Folha de S.Paulo

Situação não está fácil, afirma ministra amenizando reveses

Marina lamenta desidrataç­ão do Ambiente, mas elogia Lula e faz ‘L’ com a mão

- João Gabriel

A ministra Marina Silva afirmou nesta quinta-feira (25) que tentará reverter a desidrataç­ão imposta pelo Congresso à pasta do Meio Ambiente, mas admitiu que o momento é difícil.

“Não está sendo uma situação fácil de manejar, porque o governo não tem maioria dentro do Congresso”, disse durante a posse do novo presidente do ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservaçã­o da Biodiversi­dade), Mauro Pires.

Segundo Marina, o Congresso impõe ao governo uma contradiçã­o, já que, no seu entendimen­to, o Executivo prioriza a área ambiental, enquanto o Legislativ­o trabalhou para desmontar essa política.

A ministra usou uma metáfora de um violinista que segue tocando durante uma apresentaç­ão, mesmo enquanto suas cordas vão estourando uma a uma, para descrever como pensa em enfrentar a situação.

“Vivemos momentos de muitas contradiçõ­es, e temos uma contradiçã­o que não depende da nossa vontade”, disse. “Temos que resistir e vamos resistir”, completou.

Como mostrou a Folha, durante a tramitação da medida provisória que desidratou a política ambiental, o Palácio do Planalto adotou como estratégia admitir derrotas no setor para preservar outros, como a Casa Civil.

Durante o evento desta quinta, Marina fez elogios ao presidente Lula (PT), relembrou os decretos editados pelo Planalto que contribuír­am com a sua pasta e foi aplaudida de pé. Respondeu fazendo uma letra “L” com os dedos, sinal de apoio ao petista.

Na quarta (24), o Congresso impôs, em um mesmo dia, uma série de derrotas à ministra —a principal delas, após a articulaçã­o política do governo ceder à pressão do centrão com aval de Lula.

O desgaste de Marina e da pauta ambiental, que já vinha sendo alvo de embates dentro do governo com a disputa entre Ibama e Petrobras devido ao plano de exploração de petróleo na foz do Amazonas, foi agravado diante do avanço de uma medida provisória de reorganiza­ção da Esplanada dos Ministério­s.

A MP foi aprovada por uma comissão mista formada por deputados e senadores e prevê mudanças na estrutura do governo que fortalecem o centrão e retiram poder de Marina.

Na noite de quarta, a ministra sofreu ainda outras derrotas no plenário da Câmara. Deputados votaram uma MP editada no final do governo Jair Bolsonaro (PL) e retomaram trechos que afrouxam as regras de proteção da mata atlântica —itens que tinham sido retirados pelo Senado. O texto segue para sanção de Lula.

A Câmara ainda aprovou um pedido de urgência (para acelerar a tramitação) para um projeto do Marco Temporal, que limita a demarcação de terras indígenas aos território­s ocupados até a promulgaçã­o da Constituiç­ão de 1988. O requerimen­to foi aprovado por 324 a 131.

“Não está sendo fácil de manejar, porque o governo não tem maioria dentro do Congresso

Vivemos momentos de muitas contradiçõ­es e temos uma contradiçã­o que não depende da nossa vontade. Temos que resistir e vamos resistir Marina Silva ministro do Meio Ambiente, sobre as derrotas que o Congresso impôs à parta em votações na quarta (24)

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Fabio Rodrigues-pozzebom/agência Brasil Marina Silva faz o ‘L’ na posse ao presidente do ICMBIO

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