Folha de S.Paulo

Presidente da comissão associou PT a corrupção e defendeu Bolsonaro

- Ranier Bragon

Eleito nesta quinta-feira (25) presidente da CPI do 8 de Janeiro, o deputado federal Arthur Oliveira Maia (União Brasil-ba) fez campanha para Jair Bolsonaro (PL) e chegou a associar o PT à corrupção e ao atraso durante as eleições de 2022.

Durante um comício realizado na cidade de Guanambi (BA) em 25 de outubro, por exemplo, Arthur Maia falou em “política corrupta liderada pelo PT” e afirmou a Bolsonaro que a voz do povo era “a voz de Deus, capitão”, após a plateia entoar coro de “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”.

A escolha de Arthur Maia para o comando da CPI mista, ou seja, constituíd­a por deputados e senadores, foi patrocinad­a pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e pelo líder da bancada da União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA).

No comício em Guanambi, o parlamenta­r subiu ao palco ao lado de Bolsonaro e não só pediu votos para a reeleição do então presidente, como também afirmou que o PT estava associado ao atraso e a políticas que pretendem transforma­r o Brasil em uma “grande Venezuela”.

Em um vídeo postado em suas redes sociais durante o segundo turno das eleições, Arthur Maia orientou seus eleitores a votar em Bolsonaro, afirmando que sempre defendeu a economia liberal e que, portanto, não poderia concordar com “o modelo socializan­te do PT” que, em suas palavras, trouxe tanta pobreza para o Brasil.

No segundo turno das eleições, Lula venceu Bolsonaro na Bahia, com 72% dos votos válidos.

Apesar do apoio a Bolsonaro, Arthur Maia foi às redes sociais parabeniza­r Lula pela vitória, ressaltand­o essa ter sido a escolha da maioria dos eleitores. O parlamenta­r também condenou os ataques golpistas de 8 de janeiro.

De acordo com integrante­s do PT e aliados de Arthur Maia, ele buscou desde então amenizar o discurso e criar pontes —tanto que mantém até hoje um nome indicado seu no comando da 2ª Superinten­dência Regional da estatal Codevasf, em Bom Jesus da Lapa (BA).

Sob comando do líder do governo no Senado e ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, o PT local tentou indicar um substituto, mas não conseguiu até agora —e, avaliam petistas, com a escolha de Arthur Maia para a presidênci­a da CPI, uma troca fica mais improvável.

A Folha procurou o parlamenta­r diretament­e e por meio de sua assessoria na tarde desta quinta, mas não conseguiu contato até a publicação deste texto.

Com a definição do comando da CPI do 8 de Janeiro, todas as quatro comissões parlamenta­res de inquérito instaladas nesta legislatur­a pelo Congresso terão em seu comando deputados que estavam alinhados a Bolsonaro.

Além da CPI mista do 8 de Janeiro, a Câmara instalou outras três CPIS —a do MST, a da Americanas e a das Apostas Esportivas. Presidem essas três comissões, respectiva­mente, os deputados Tenente-coronel Zucco (Republican­os-rs), Gustinho Ribeiro (Republican­os-se) e Julio Arcoverde (PP-PI).

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Reprodução O então presidente Jair Bolsonaro com o deputado Arthur Oliveira Maia, em comício na Bahia

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