Líder de extrema direita é condenado a 18 anos de prisão por ataque ao Capitólio
A Justiça dos EUA condenou nesta quinta-feira (25) Stewart Rhodes, líder do grupo de extrema direita Oath Keepers, a 18 anos de prisão. A sentença se deve a conspiração sediciosa e outros crimes ligados à invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, o maior ataque da história recente à democracia americana.
A pena de Rhodes representa a punição mais longa para qualquer uma das mais de mil pessoas acusadas de delitos ligados ao ataque ao Capitólio, a tentativa fracassada de apoiadores do então presidente Donald Trump de impedir o Congresso de certificar a vitória de Joe Biden nas eleições de 2020.
Rhodes é considerado um dos mentores da invasão. Procuradores disseram que ele usou meios de comunicação privados criptografados em dezembro de 2020 para organizar a ida à capital. Ele e outras pessoas planejaram levar armas para o local, para ajudar no apoio à operação.
“Rhodes liderou uma conspiração que usou força e violência para intimidar e coagir membros de nosso governo a interromper a transferência legal de poder depois de uma eleição presidencial”, disse a promotora federal Kathryn Rakoczy. “Como o tribunal acabou de ver, isso é terrorismo.”
Além de conspiração sediciosa, uma acusação criminal que envolve a tentativa de derrubar o governo com o uso da força, Rhodes foi condenado por obstrução da Justiça e adulteração de documentos.
Até agora, a sentença mais longa em casos que envolvem a ofensiva ao Congresso americano era de 14 anos de prisão, dada a um homem do estado da Pensilvânia que atacou a polícia durante o tumulto.
Antes de ouvir o anúncio da pena, Rhodes permaneceu com uma postura desafiadora diante do juiz federal Amit Mehta, vestido com o macacão laranja de presidiário, e insistiu na narrativa de que ele é um “prisioneiro político”, tese que o magistrado rejeitou. “Você representa uma ameaça persistente e um perigo para o país”, disse o juiz. “A conspiração sediciosa é um dos crimes mais graves que um americano pode cometer”, completou Mehta.
Além de Rhodes, o juiz também determinou 12 anos de prisão para Kelly Meggs, que coordenava o braço do Oath Keepers no estado da Flórida, também condenado por conspiração sediciosa, além de quatro outros crimes. Ele admitiu que nunca deveria ter invadido o Capitólio, mas negou que tenha premeditado o ato.
Rhodes, que usa um tapa-olho por ter atirado acidentalmente em seu próprio rosto, fundou o Oath Keepers em 2009. Os “guardiões do juramento” são uma milícia que acusa o governo de usurpar seus direitos e aposta no recrutamento de policiais e ex-agentes, trabalhadores de serviços de emergência e militares.
A invasão ocorreu pouco depois de um discurso no qual Trump repetiu acusações sem fundamento de que sua derrota foi fruto de fraude no sistema eleitoral. Ele instou apoiadores a irem ao Capitólio “lutar como nunca” para impedir a certificação do resultado.