Folha de S.Paulo

Piloto e empresário, foi apaixonado por velocidade

ALEXANDRE FUNARI NEGRÃO (1953 - 2023)

- Pedro Madeira coluna.obituario@grupofolha.com.br

“Com o Xandão, tive a oportunida­de de dar uma sobrevida na minha vida de piloto”, lembra Andreas Mattheis, 69, amigo do ex-piloto de Stock Car e empresário Alexandre Funari Negrão. Xandão, como era tratado por pessoas mais próximas, morreu nesta quarta-feira (24) aos 70 anos, em Campinas, a 98 km da capital paulista.

Sua família confirmou que ele passou por um tratamento longo contra um câncer, porém não foi divulgado o tipo.

Também chefe de equipes automobilí­sticas, Mattheis conta que, em 2021, quando já havia deixado as pistas, eles participar­am juntos de uma corrida pela última vez. Na ocasião, Negrão insistiu que ele corresse como piloto. Mattheis, porém, preferiu ficar nos bastidores, enquanto o amigo pilotava.

“Ele era muito incentivad­or. [Por exemplo,] deixei a vida de piloto em 1994. Aí, em 2007, trouxeram [ao Brasil] o GT3, e o Xandão me escolheu para correr como dupla dele”, afirma Mattheis, que aceitou e voltou a correr como piloto em mais dois campeonato­s, em 2008 e 2009 — e a dupla conquistou os dois.

Ao longo de sua carreira nas pistas, Negrão conquistou 21 vitórias, 23 poles e 59 pódios em 108 corridas disputadas na categoria Stock Car. Ele foi quatro vezes vice-campeão nos campeonato­s de 1995, 1996, 1997 e 1999.

Em 1997, fundou a farmacêuti­ca Medley, um dos maiores laboratóri­os de medicament­os genéricos do país. Mais tarde, em 2009, a vendeu por US$ 664 milhões (R$ 3,5 bilhões em valores atualizado­s) a um grupo francês do mesmo segmento, a Sanofi.

Negrão atuou ainda como CEO da empresa Aeris, que produz hélices de turbina eólica, e era dono da Fazenda Conforto, em Nova Crixás (GO), para criação de gado de corte —com capacidade para 60 mil animais.

O automobili­smo, porém, era a verdadeira paixão de Negrão. “Ele era muito aficionado. O automobili­smo fazia muito bem para ele. E, além de apaixonado, era um excelente piloto”, diz o amigo.

E o fascínio pelas pistas repetiu-se na família.

O irmão, Guto Negrão, o filho, Xandinho Negrão (atualmente na categoria Endurance Brasil), e o sobrinho, André Negrão (corre na Endurance na Europa), remontam a uma linhagem de pilotos que começou com Negrão em 1983 no volante de um Chevrolet Opala, pela Stock Car.

Hoje, os familiares atendem a um pedido de Negrão. “Ele queria que não ficássemos tristes por muito tempo e guardássem­os a lembrança de uma pessoa alegre.”

Xandy Negrão foi cremado nesta quinta, em Campinas.

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