Folha de S.Paulo

Tiago Iorc sai em turnê pelo país com aposta em mais brasilidad­e

Sem emplacar novos hits, cantor de 37 anos diz que sucesso não é o seu guia

- Guilherme Luis

Tiago Iorc diz que está redescobri­ndo como fazer música. O cantor, que não se apresenta no Brasil há três anos, vai rodar o país a partir desta sexta-feira, 26, com uma turnê dedicada a “Daramô”, disco que lançou em novembro. É um projeto com alma e sangue brasileiro­s, nas palavras de Iorc, que quer investigar sua ancestrali­dade depois de se deixar influencia­r pelo que vem de fora.

O álbum nasceu em Camaçari, cidade próxima a Salvador, na Bahia. “Venho mergulhand­o na minha brasilidad­e. Tive um início musical sem essas referência­s porque a minha família morava fora quando eu era mais novo”, afirma por videoconfe­rência o cantor, que já morou em Londres e nos Estados Unidos.

Foi o disco “Troco Likes”, de 2015, que o levou ao estrelato. Não é difícil escutá-lo nas rádios ou numa cerimônia de casamento ainda hoje.

Depois de três anos com shows lotados e indicação ao Grammy Latino, o sucesso o deixou exausto, diz. “Quando a gente está vivendo alguma coisa que é gostosa, não percebemos os limites. Aquele foi um momento ótimo, mas comecei a reparar que estava sempre cansado, não conseguia dormir e não tinha estímulo para show”, conta ele.

Para fugir dos holofotes e descansar, Iorc se isolou nos Estados Unidos e depois na Bahia. Em janeiro de 2019, lançou o álbum “Resconstru­ção” e, um ano depois, “Daramô”, mas não emplacou hits como antes. Entre suas dez músicas mais tocadas no Spotify, apenas uma é do novo álbum.

Mas Iorc diz não se preocupar com números. “Está fora do meu controle. Não faço música para me encaixar em nenhum movimento. Minhas músicas são mais sentimenta­is do que mercadológ­icas. Quando [faz sucesso] é uma delícia, mas não precisa ocorrer para justificar o que faço.”

Houve, no entanto, um lançamento que causou burburinho. No single “Masculinid­ade”, de 2021, Iorc deixou a persona romântica de lado para cantar sobre como o machismo afeta os homens. “Quando criança, era chamado de bicha/ Aprendi que era errado ser sensível/ Eu tive medo do meu feminino”, cantou, dizendo ainda que se viciou em pornografi­a e foi abusivo.

Iorc foi motivo de chacota. Nas redes sociais, diziam que ele virou um “esquerdoma­cho”, o estereótip­o do homem que tenta passar a imagem de desconstru­ído para atrair mulheres, mas que se contradize nas atitudes.

Iorc afirma que o episódio o ensinou a “não se relacionar com os comentário­s” e que tem a sensação de dever cumprido, porque ouve de muitos homens que a música os ajudou falar de seus sentimento­s.

“Daramô” ignora o episódio e tenta recuperar o Tiago Iorc fofo de antes. As letras nasceram a partir da relação com a namorada Duda Rodrigues.

A única composição que não tem dedo de Iorc é “Ciumeira”, uma regravação do hit de Marília Mendonça, que ele tenta homenagear, assim como ffaz com outros símbolos da MPB.

O cantor diz que artistas como Milton Nascimento e Caetano Veloso o ensinaram a ter tranquilid­ade em relação à sua carreira. “Entro na discografi­a deles e vejo discos que a maioria das pessoas não conhecem. Me traz uma calmaria.”

A turnê nova de Iorc vai começar em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, nesta sexta-feira. Ao todo, serão 22 shows. A apresentaç­ão segue para a capital paulista no sábado (27) e passa por Rio de Janeiro em 24 de junho.

Daramô

Ribeirão preto (Sp): Centro de Eventos Ribeirão Shopping - av. Coronel Fernando Ferreira Leite, 1.540. Dia 26/5, às 21h. Ingressos a partir de R$ 180. São paulo: Vibra São Paulo - av. das Nações Unidas, 17.955. Dia 27/5, às 22h. Ingressos a partir de R$ 80

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Hugo Toni/divulgação O cantor Tiago Iorc

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