Especial mostra com quantas notas se faz um bom show
Casas foram divididas por faixa de público e avaliadas segundo oito critérios
Nem transmissões ao vivo, nem DVDS em alta resolução, nem vídeos de fãs, nem projeções em telas imensas de salas de cinema. Nada supera a experiência de assistir a uma apresentação musical presencialmente.
Em uma casa de shows as possibilidades são inúmeras. Sentir as semelhanças e as diferenças da voz de um artista em comparação ao que foi gravado em disco, ver de perto as improvisações de músicos, ouvir um público pequeno ou uma multidão que preenche um estádio inteiro cantar em conjunto, experimentar de outra forma canções que atravessaram memórias ou se empolgar com grandes novidades —tudo pode acontecer nos lugares listados nas próximas páginas deste especial.
Espaços estritamente dedicados à música são raros. Vários se perderam nos últimos anos, com a proibição de funcionamento e o acúmulo de dívidas causados pela pandemia de coronavírus. Outros tantos sobreviveram com apoio do público, suporte de empresas ou dedicação daqueles que quiseram mantê-los a qualquer custo. Os que permanecem continuam fazendo rodar artistas que ajudam a contar e a construir a história de um país inteiro.
Por isso, não é fácil escolher qual é a melhor casa de shows de uma cidade —nem é o que pretende este especial. Cada apresentação é uma experiência subjetiva e dependente de centenas de fatores, humanos ou não, que variam com alguma frequência.
Muitas vezes, ao comparar diferentes locais, só é possível decidir quem sai na frente quando se desmembra a experiência oferecida em alguns pontos principais, essenciais para que um espaço funcione.
Para esta, que é a primeira avaliação da Folha das melhores casas para assistir a um show em São Paulo, portanto, foram necessárias algumas visitas, muita pesquisa e vários olhares. Para que o julgamento fosse mais justo, também foi fundamental separar os estabelecimentos por faixas de capacidade: até 500 pessoas, entre 500 a 2.000 e de 2.000 a 10 mil pessoas.
Nessas faixas, foram avaliados cinco aspectos: a qualidade do som, que é a estrela central de uma casa de shows; a programação, um dos principais pontos para a construção da reputação de um espaço; a visão de palco, motivo de reclamação constante por parte do público; o conforto, que cria as condições perfeitas para que a experiência seja focada na música; e o serviço de bar e comida, que dá um charme extra para a atração —ou pode tirá-lo totalmente, dependendo do que é entregue.
Foram acrescentadas, ainda, outras três categorias: transporte, que elege os locais a partir da facilidade de acesso tanto na entrada quanto na saída da apresentação; camarotes, que avalia áreas separadas e com serviços exclusivos; e o custo-benefício, visto como o balanço entre tudo o que está incluso no valor de um ingresso e o que o estabelecimento entrega para a audiência.
Também foi essencial separar, da avaliação geral, espaços que não são estritamente dedicados a shows e podem receber um público acima de 10.000 pessoas, já que eles dependem da estrutura levada pelos artistas para seu funcionamento completo.
Outra divisão foi a de casas dedicadas à música erudita, que são poucas e construídas essencialmente para esse estilo, com características de acústica muito peculiares. Nos dois casos —da música clássica e dos megaespaços—, a avaliação se deu pelo conjunto da obra oferecido, não pelas categorias especificadas acima.
Para completar, foram reunidas as melhores iniciativas encontradas nas principais casas de São Paulo no que diz respeito à acessibilidade. A ideia foi analisar o que vai além do que já está previsto em lei e que indique uma preocupação do local em melhorar a experiência de seu público. O repórter da Folha Jairo Marques, que é cadeirante, também escreveu sobre suas melhores e piores experiências nesses lugares.
Veja, nas próximas páginas, as 15 casas paulistanas de música eleitas como boas opções para assistir a uma apresentação do seu artista favorito —ou daquele que você nunca ouviu antes— separadas em oito categorias. Boa leitura e, depois, bom show.