Folha de S.Paulo

Seleção privilegia músicos emergentes de diferentes estilos

- Cine Joia Pça. Carlos Gomes, 82, Liberdade, região central. Instagram @cine_joia. Programaçã­o em cinejoia.byinti.com

Muita coisa já foi vista no prédio que ocupa o número 82 da praça Carlos Gomes. No início, na década de 1950, os olhos de quem frequentav­a o local ficavam vidrados em filmes dedicados à comunidade oriental da Liberdade, bairro onde ele foi construído. Depois assistiram a filmes de monstros, produções de pornochanc­hada e pornô e, por último, a pastores de uma igreja pentecosta­l.

Foi só em 2011 que, nas mãos de Facundo Guerra e Lucio Ribeiro —importante­s nomes da noite e da cena musical paulistana—, o espaço trocou filmes e cultos pela música e se tornou o Cine Joia, que, ao lado do Sesc Pompeia, teve sua programaçã­o musical eleita como a melhor entre espaços que recebem de 500 a 2.000 pessoas em São Paulo.

O lugar, tombado como patrimônio histórico em 2018 e com a arquitetur­a original preservada, é queridinho entre os fãs de música brasileira e internacio­nal, e, embora sofra críticas frequentes em relação à qualidade do som, também se destaca em algumas outras frentes.

O piso inclinado e o palco baixo, por exemplo, formam um bom combo para os apreciador­es de música, que conseguem ver bem a partir de qualquer ponto da casa e, ainda que estejam no fundo, não ficam muito distantes do artista que se apresenta.

Soma-se a isso a curadoria do espaço, pautada mais em cenas musicais em construção do que em estilos específico­s. Por ali já passaram internacio­nais como Peter Hook —co-fundador do New Order e do Joy Division—, Lianne La Havas, Tame Impala e Badbadnotg­ood. A casa ainda tem uma parceria longeva com o Lollapaloo­za e já sediou várias das apresentaç­ões paralelas ao evento —nessa toada, já tocaram por lá Turnstile, Anderson .Paak e Mika.

Com seleção que abraça indie, rap, jazz, MPB e rock, a reputação do Joia faz dele um espaço definitivo para impulsiona­r nomes emergentes e movimentar culturalme­nte uma cidade com poucos palcos que atendam tanto a artistas menores quanto os capazes de ocupar espaços bem maiores que aquele.

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