Público prova comida de restaurante sem perder foco na música
Antes de algum artista subir ao pequeno palco da Casa de Francisca, o ambiente parece mais um restaurante do que um espaço de shows. As luzes são baixas, com pequenas velas nas mesas, e os garçons transitam entre elas com os pedidos.
De fato, um dos endereços mais aconchegantes para assistir a um show em São Paulo é também um lugar para comer bem. O estabelecimento abre para almoço e jantar, tendo diferentes configurações quando há shows.
Apresentações de nomes mais conhecidos, por exemplo, podem ser vistas tanto por quem está sentado à mesa, em um dos lados do palco, quanto para quem está de pé, em outro. Há ainda mesas nos fundos do cômodo principal, divididas em degraus, como uma arquibancada.
A Casa de Francisca conquista a barriga do público com a qualidade de seus pratos e drinques. Nesse formato, chamado “jantar e música”, as entradas custam R$ 35, com opções como a carne de sol com picles de maxixe ou o falafel de fava e grão-de-bico, e R$ 38, como o ceviche de peixe com gengibre e coentro.
Os pratos principais saem por R$ 62, entre eles o ravióli de abóbora com queijo mandala, a polenta com ragu de lentilha e cogumelo fresco, o rosbife com pesto de manjericão e o stinco de porco com purê de batata. A luz escassa que dificulta uma visão mais clara dos pratos também tira do protagonismo a beleza das montagens, o que acaba servindo mais ao paladar do que aos likes nas redes sociais.
O carro-chefe, um pouco mais caro, custa R$ 72. O arroz do mar inclui lula, camarão e polvo, além de tomate e manjericão. Destaca-se o sabor próprio dos frutos do mar —estes, frescos e macios—, com tempero leve, o suficiente para encher de aroma um arroz molhadinho.
Para beber, além dos vinhos, uísques e digestivos, é possível experimentar drinques clássicos ou próprios da casa. Eles têm preço entre R$ 35 e R$ 48, com destaque para o chamado caju amigo, que justifica o nome sem pesar a mão no açúcar ou na acidez, com cachaça, compota e suco da fruta, e limão. Em dias quentes, uma boa escolha é ver os shows tomando a Xicajá, cerveja de trigo da casa com cajá, por R$ 26 a lata.
Se o cardápio já era suficiente para fazer da Casa de Francisca a vencedora desta categoria, há alguns detalhes que também contam. Durante os shows, os garçons param de servir as mesas, ainda que o bar fique funcionando, num espaço exterior à área do palco. Assim, as apresentações seguem centrais na experiência, em contraste com casas maiores nas quais a sensação é mais de estar numa churrascaria do que em um espetáculo de música.
Além disso, é um destaque a arquitetura singular do Palacete Teresa, que abrigou a primeira loja de instrumentos da cidade, a Casa Bevilacqua, e é tombada pelo patrimônio histórico de São Paulo.