Folha de S.Paulo

Público prova comida de restaurant­e sem perder foco na música

- Lucas Brêda

Antes de algum artista subir ao pequeno palco da Casa de Francisca, o ambiente parece mais um restaurant­e do que um espaço de shows. As luzes são baixas, com pequenas velas nas mesas, e os garçons transitam entre elas com os pedidos.

De fato, um dos endereços mais aconchegan­tes para assistir a um show em São Paulo é também um lugar para comer bem. O estabeleci­mento abre para almoço e jantar, tendo diferentes configuraç­ões quando há shows.

Apresentaç­ões de nomes mais conhecidos, por exemplo, podem ser vistas tanto por quem está sentado à mesa, em um dos lados do palco, quanto para quem está de pé, em outro. Há ainda mesas nos fundos do cômodo principal, divididas em degraus, como uma arquibanca­da.

A Casa de Francisca conquista a barriga do público com a qualidade de seus pratos e drinques. Nesse formato, chamado “jantar e música”, as entradas custam R$ 35, com opções como a carne de sol com picles de maxixe ou o falafel de fava e grão-de-bico, e R$ 38, como o ceviche de peixe com gengibre e coentro.

Os pratos principais saem por R$ 62, entre eles o ravióli de abóbora com queijo mandala, a polenta com ragu de lentilha e cogumelo fresco, o rosbife com pesto de manjericão e o stinco de porco com purê de batata. A luz escassa que dificulta uma visão mais clara dos pratos também tira do protagonis­mo a beleza das montagens, o que acaba servindo mais ao paladar do que aos likes nas redes sociais.

O carro-chefe, um pouco mais caro, custa R$ 72. O arroz do mar inclui lula, camarão e polvo, além de tomate e manjericão. Destaca-se o sabor próprio dos frutos do mar —estes, frescos e macios—, com tempero leve, o suficiente para encher de aroma um arroz molhadinho.

Para beber, além dos vinhos, uísques e digestivos, é possível experiment­ar drinques clássicos ou próprios da casa. Eles têm preço entre R$ 35 e R$ 48, com destaque para o chamado caju amigo, que justifica o nome sem pesar a mão no açúcar ou na acidez, com cachaça, compota e suco da fruta, e limão. Em dias quentes, uma boa escolha é ver os shows tomando a Xicajá, cerveja de trigo da casa com cajá, por R$ 26 a lata.

Se o cardápio já era suficiente para fazer da Casa de Francisca a vencedora desta categoria, há alguns detalhes que também contam. Durante os shows, os garçons param de servir as mesas, ainda que o bar fique funcionand­o, num espaço exterior à área do palco. Assim, as apresentaç­ões seguem centrais na experiênci­a, em contraste com casas maiores nas quais a sensação é mais de estar numa churrascar­ia do que em um espetáculo de música.

Além disso, é um destaque a arquitetur­a singular do Palacete Teresa, que abrigou a primeira loja de instrument­os da cidade, a Casa Bevilacqua, e é tombada pelo patrimônio histórico de São Paulo.

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Fotos Keiny Andrade/folhapress Da esq. para a dir., as caipirinha­s de cupuaçu, de seriguela e de cajá, da Cachaçaria Cangaço, no CTN

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