Noite em palacete histórico na região da Sé vale o que custa
Com shows menores e menos concorridos, as casas que recebem até 500 pessoas são as que têm ingressos mais baratos. A ideia parece óbvia, mas não é.
Neste recorte de público, há casas independentes, focadas em artistas iniciantes ou experimentais, caso do Centro da Terra, na zona oeste de São Paulo. Mas há também espaços de luxo que reúnem músicos renomados para apresentações intimistas, como o Blue Note, na avenida Paulista.
Na primeira situação, é possível pagar ingressos tão baratos que mais parecem ajuda de custo. Na segunda, eles podem ser mais caros que shows pomposos em espaços grandes, como a estreia de turnê de um figurão da MPB.
No meio do caminho está a Casa de Francisca, que sai vencedora nesta categoria e recorte mais pelo que oferece do que pelo que cobra. Ou seja, não é exatamente barato assistir a um show no local, mas o serviço —tanto em termos de música quanto de conforto, bar e restaurante— quase sempre vale cada centavo.
Na comparação com o Blue Note, que é capaz de enfrentar a Casa de Francisca em termos de conforto e serviço de bar e restaurante, pesam os preços. A casa no Conjunto Nacional costuma cobrar mais de R$ 100 o ingresso mesmo quando se trata de um show com covers de outro artista.
Já a Casa de Francisca costuma vender ingressos para ver as apresentações de pé, na pista, por R$ 80. Em alguns casos, o valor da entrada ainda inclui uma opção de jantar.
No contraponto a outras casas que recebem até 500 pessoas, como o Bar Alto, em Pinheiros, e o Cineclube Cortina, no centro, a Casa de Francisca se destaca pela curadoria. É possível ver no Palacete Teresa, na região da Sé, onde fica a casa, ícones antigos e nomes reconhecidos da música brasileira contemporânea.
Se casas dessa dimensão costumam apostar em artistas alternativos e com apelo maior em nichos, a Casa de Francisca reúne a nata desse recorte. Nomes como Juçara Marçal, vocalista do Metá Metá, com carreira solo estabelecida, e das cantoras mais celebradas da última década, fazem shows regulares no local.
Não há dúvidas de que sai mais caro tomar um drinque autoral e assistir à apresentação de Juçara Marçal do que ver uma banda de que ninguém ouviu falar bebendo uma long neck de cerveja só suficientemente fria. Também não há dúvidas de que a experiência da Casa de Francisca vale o quanto custa.