Equipamentos certos e bem operados dão o tom de apresentações
Um som alto e bem definido, em que é possível perceber nuances nas performances musicais e ser tocado por sua potência, é a alma de uma casa de shows. Para quem gosta de música, é o aspecto mais importante entre os todos os destacados neste especial.
O que dificulta avaliações mais específicas, contudo, é a inconstância dessa categoria. Há muitas variáveis que determinam se o que sai dos alto-falantes é preciso e impactante, e elas mudam de uma noite para a outra, mesmo se tratando do mesmo espaço.
Para chegar na melhor equação, importa não apenas o equipamento fornecido pela casa, mas principalmente a sua manipulação. Entram na conta também a qualidade dos instrumentos —em relação à estética que se quer alcançar—, uma passagem de som feita de maneira correta e os técnicos que operam o maquinário, entre outras circunstâncias.
Blue Note e Casa de Francisca se destacam entre as casas para até 500 pessoas, principalmente pela proporcionalidade. Ou seja, são lugares em que o equipamento de som é suficiente para o espaço, não encontram problemas de acústica e, em geral, são bem operados pelos funcionários da casa e dos artistas.
Casas pequenas recebem shows menores, muitas vezes de artistas com baixo investimento em equipamentos e menos experiência em fazer turnês. Os espaços para músicos independentes e em começo de carreira geralmente têm dificuldade em oferecer uma boa experiência auditiva.
Um indicativo da qualidade do som de uma casa é observar quem costuma tocar nelas. Artistas estabelecidos e que dependem de timbres e texturas sonoras específicas para suas performances não costumam tocar em lugares que não dão suporte para atingir sua estética.
No caso do Blue Note, é algo que está atrelado à marca, uma casa com uma história no jazz estabelecida nos Estados Unidos, onde teve origem antes de chegar ao Brasil. É difícil imaginar instrumentistas virtuosos, como o guitarrista americano Stanley Jordan, que tocou no espaço em maio deste ano, aceitando um som capenga.
Na Casa de Francisca, a acústica é determinante, já que o palcoficaemumaesquina—locais como o Cine Joia, também com palco no cruzamento de duasparedes,sofremcomessa questão.oespaçonocentrode São Paulo tem uma estrutura demadeiraonduladasuspensa sobre o palco, projetada especificamente para que o som se propague da maneira correta.
Nada garante que a experiência da música nessas casas vai ser sempre agradável aos ouvidos. Mas, em comparação com a concorrência, elas estão um passo à frente.