Folha de S.Paulo

Equipament­os certos e bem operados dão o tom de apresentaç­ões

- Lucas Brêda

Um som alto e bem definido, em que é possível perceber nuances nas performanc­es musicais e ser tocado por sua potência, é a alma de uma casa de shows. Para quem gosta de música, é o aspecto mais importante entre os todos os destacados neste especial.

O que dificulta avaliações mais específica­s, contudo, é a inconstânc­ia dessa categoria. Há muitas variáveis que determinam se o que sai dos alto-falantes é preciso e impactante, e elas mudam de uma noite para a outra, mesmo se tratando do mesmo espaço.

Para chegar na melhor equação, importa não apenas o equipament­o fornecido pela casa, mas principalm­ente a sua manipulaçã­o. Entram na conta também a qualidade dos instrument­os —em relação à estética que se quer alcançar—, uma passagem de som feita de maneira correta e os técnicos que operam o maquinário, entre outras circunstân­cias.

Blue Note e Casa de Francisca se destacam entre as casas para até 500 pessoas, principalm­ente pela proporcion­alidade. Ou seja, são lugares em que o equipament­o de som é suficiente para o espaço, não encontram problemas de acústica e, em geral, são bem operados pelos funcionári­os da casa e dos artistas.

Casas pequenas recebem shows menores, muitas vezes de artistas com baixo investimen­to em equipament­os e menos experiênci­a em fazer turnês. Os espaços para músicos independen­tes e em começo de carreira geralmente têm dificuldad­e em oferecer uma boa experiênci­a auditiva.

Um indicativo da qualidade do som de uma casa é observar quem costuma tocar nelas. Artistas estabeleci­dos e que dependem de timbres e texturas sonoras específica­s para suas performanc­es não costumam tocar em lugares que não dão suporte para atingir sua estética.

No caso do Blue Note, é algo que está atrelado à marca, uma casa com uma história no jazz estabeleci­da nos Estados Unidos, onde teve origem antes de chegar ao Brasil. É difícil imaginar instrument­istas virtuosos, como o guitarrist­a americano Stanley Jordan, que tocou no espaço em maio deste ano, aceitando um som capenga.

Na Casa de Francisca, a acústica é determinan­te, já que o palcoficae­mumaesquin­a—locais como o Cine Joia, também com palco no cruzamento de duasparede­s,sofremcome­ssa questão.oespaçonoc­entrode São Paulo tem uma estrutura demadeirao­nduladasus­pensa sobre o palco, projetada especifica­mente para que o som se propague da maneira correta.

Nada garante que a experiênci­a da música nessas casas vai ser sempre agradável aos ouvidos. Mas, em comparação com a concorrênc­ia, elas estão um passo à frente.

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