Folha de S.Paulo

Adaptada ao futebol e à música, arena vence outros estádios

- Lucas Brêda Allianz parque Av. francisco Matarazzo, 1.705, Água Branca, zona oeste. Instagram @allianzpar­que. Programaçã­o em allianzpar­que.com.br

Quando o Palmeiras e a Wtorre se uniram para reformar o antigo Parque Antártica, estádio do time palestrino, e convertê-lo em uma arena moderna, o mercado de shows do país vivia uma transforma­ção.

No começo dos anos 2000, o Rock in Rio parou de ser realizado, os artistas internacio­nais mais populares raramente pisavam no Brasil e, salvo exceções, esta parte do mundo não estava no radar das grandes turnês.

Na década seguinte, com o cresciment­o da economia e o dólar mais acessível, o cenário começou a mudar. Em 2010, o festival SWU trouxe gente como Rage Against the Machine, Linkin Park e Queens of the Stone Age ao interior de São Paulo. No ano seguinte, o Rock in Rio voltou à sua cidade natal. Em 2012, o Lollapaloo­za desembarco­u na capital paulista para não sair mais.

A Copa do Mundo de 2014, sediada no Brasil, ajudou no processo. Se faltavam estádios com estrutura mais adequada para receber grandes shows, as reformas e construçõe­s de novas arenas pelas capitais do país deram aos contratant­es uma nova categoria de espaços para realizar os megaevento­s.

Mas, em São Paulo, não foi o estádio construído para a Copa —a Neo Química Arena, do Corinthian­s, em Itaquera— que surfou na onda das grandes turnês. Aberto em 2014, o ano do Mundial de futebol no Brasil, o Allianz Parque anteviu a nova demanda na metrópole e se firmou como o local mais escolhido para receber os megashows.

A inauguraçã­o do estádio foi um recado. O eterno beatle Paul Mccartney, que não tocava no Brasil havia décadas, voltou para apresentaç­ões na então nova casa do Palmeiras, onde passou seguidas vezes nos anos seguintes. Foi um marco desse movimento que viria a ganhar corpo nos anos posteriore­s, em que o país se inseriu como parada quase obrigatóri­a para as maiores turnês do planeta.

O Palmeiras não colocou dinheiro na reforma de seu estádio. O acordo entre o clube e a construtor­a previa que, além da utilização para os jogos de futebol, o espaço seria explorado pela Wtorre para receber shows e eventos ao longo de 30 anos. Com esse dinheiro, a arena se pagaria e passaria a dar lucro a quem investiu na sua construção.

Por causa dessa mentalidad­e, o Allianz Parque já foi feito como um híbrido entre estádio e arena de shows. O formato das arquibanca­das, com um recuo estratégic­o para a colocação do palco, os portões, a circulação, o cuidado com a acessibili­dade, enfim, toda a estrutura foi calculadam­ente pensada para a demanda pré-estabeleci­da.

Isso coloca o Allianz à frente não só de outros estádios da capital, como o tradiciona­l Morumbi, do São Paulo, e a já citada casa do Corinthian­s, mas também das outras arenas feitas para a Copa do Mundo. Projetadas sob o padrão Fifa, elas têm como objetivo principal a realização das partidas de futebol —em alguns casos, pela falta de demanda, acabaram se tornando elefantes brancos.

A lista de shows realizados no Allianz em quase dez anos é tão grande quanto a dimensão dos artistas que já passaram por lá. Vai do Coldplay ao gigante do k-pop BTS, passando por Maroon 5, Iron Maiden, David Gilmour, Aerosmith, Guns N’ Roses, Elton John, Justin Bieber,

Katy Perry, Harry Styles, Radiohead, Ozzy Osbourne, Roger Waters, Shakira, Kiss, The Killers e Backstreet Boys.

Entre atrações nacionais, o estádio já recebeu as turnês de reunião de Sandy & Junior, Tribalista­s e Los Hermanos, além de Ivete Sangalo e Roberto Carlos. O reencontro dos Amigos, que engloba os sertanejos Chitãozinh­o & Xororó, Zezé di Camargo & Luciano e Leonardo, também aconteceu no Allianz.

A localizaçã­o é outro fator que ajuda. Na zona oeste de São Paulo, a arena está próxima à estação de metrô e trem da Barra Funda, além de ser rodeada por grandes avenidas e abastecida por várias linhas de ônibus. É comum que o trânsito fique um tanto caótico em dias de show, mas isso não se compara à dificuldad­e de acesso da concorrênc­ia.

Quem viaja até São Paulo de ônibus para assistir a um show internacio­nal também chega fácil ao Allianz. Isso porque a estação da Barra Funda também abriga uma grande rodoviária, e é possível ir andando de lá até o estádio.

A cereja do bolo é a possibilid­ade de utilizar apenas parte do estádio para shows menores. Ou seja, o palco é deslocado e montado em uma altura específica do campo para acolher plateias e atrações de tamanhos variados, menores que as mais de 50 mil pessoas que a arena cheia comporta. Todo mundo sai ganhando.

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A arena comporta mais de 43 mil pessoas em jogos e 55 mil em megashows
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Fotos Keiny Andrade/folhapress O restaurant­e Braza, localizado dentro do Allianz Parque, fica em frente a um dos gols e ao local onde os palcos são montados

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