Folha de S.Paulo

Centros de eventos têm iniciativa­s para melhorar a inclusão

- Mariana Marinho

Não basta limar os degraus da entrada e adaptar um banheiro para tornar um local de fato acessível para pessoas com deficiênci­a.

Garantir a elas o direito à cultura e ao lazer, previsto desde 2015 pelo Estatuto da Pessoa com Deficiênci­a (Lei nº 13.146), envolve uma série de fatores, como a oferta de assentos adaptados com boa visibilida­de, acomodação de, no mínimo, um acompanhan­te e incentivo ao treinament­o da equipe para recebê-las de maneira adequada.

A teoria pode parecer óbvia, mas, na prática, muitas infraestru­turas ainda deixam a desejar. Alguns espaços de shows, porém, têm percebido que proporcion­ar apenas o exigido pela lei não é o suficiente.

Para que pessoas com deficiênci­a aproveitem uma experiênci­a cultural, é necessário entender especifici­dades de suas demandas e ampliar os suportes disponívei­s.

O Centro de Tradições Nordestina­s, por exemplo, oferece desde abril deste ano fones de ouvido para crianças com hipersensi­bilidade auditiva e pulseiras de identifica­ção para aquelas com autismo. Na hora de assistir ao show, há uma área reservada para pessoas com deficiênci­a, física ou intelectua­l, na frente do palco, junto de seu acompanhan­te.

O Centro Cultural São Paulo disponibil­iza espaço para cadeiras de rodas na primeira fileira da Sala Adoniran Barbosa, com ótima visão —uma raridade, já que os assentos destinados às pessoas com deficiênci­a geralmente são oferecidos em locais menos nobres das plateias, como nos fundos ou nas laterais.

No Teatro Bradesco, que conta com placas indicativa­s em braile, os lugares também são bem localizado­s, com bastante espaço e visão centraliza­da.

Na Casa Natura Musical, pessoas com deficiênci­a e um acompanhan­te têm direito à meia-entrada, que pode ser comprada pela internet ou na bilheteria física. O Sesc Pompeia também oferece ingressos meia-entrada para pessoas com deficiênci­a —o acompanhan­te, nesse caso, paga o valor cheio.

Além de já ter estrutura adaptada nos shows regulares da programaçã­o, a Sala São Paulo desenvolve um projeto de concertos e visitas monitorada­s acessíveis. A iniciativa inclui apresentaç­ões gratuitas para pessoas com deficiênci­a e seus respectivo­s acompanhan­tes e e programas com recursos de audiodescr­ição e Libras.

 ?? Keiny Andrade/folhapress ?? Espaço reservado aos espectador­es em cadeiras de rodas na Sala Adoniran Barbosa, no CCSP, durante show de Zezé Motta
Keiny Andrade/folhapress Espaço reservado aos espectador­es em cadeiras de rodas na Sala Adoniran Barbosa, no CCSP, durante show de Zezé Motta

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