Se eu tivesse fugido com ela, minha filha estaria viva, diz Jean Ocampo
Durante evento, pai de Sophia afirmou ter se desesperado com empurra-empurra de autoridades
“A gente ficava desesperado com o empurraempurra. Os órgãos não entravam em contato, não verificavam o que estava acontecendo
“A única saída é fugir.” Foi assim que Jean Carlos Ocampo, pai de Sophia, morta aos 2 anos, em Campo Grande (MS), respondeu à pergunta sobre o que fazer quando a rede de proteção à criança não atende aos pedidos de socorro.
Ocampo foi entrevistado ao vivo na abertura da 6ª edição do seminário Violência Sexual Infantil, organizado pela Folha em parceria com o Instituto Liberta. O evento aconteceu na quinta-feira (18), e a entrevista foi conduzida pela jornalista Eliane Trindade, editora do prêmio Empreendedor Social, da Folha.
“Sinceramente, do fundo do meu coração, eu aconselharia o pai a fugir com a criança. Porque, onde eu fui pedir ajuda, não me atenderam. Se eu tivesse fugido, a minha filha estaria viva”, disse Jean.
Ele também reclamou da falta de orientação dos órgãos. Ocampo só ficou sabendo, por exemplo, sobre a existência da medida protetiva em caso de violência sexual infantil após a morte de sua filha.
Trata-se de um aparato judicial que modifica a guarda da criança caso haja indícios de que ela esteja sofrendo riscos no ambiente em que reside. A medida é concedida por um juiz.
“A gente ficava desesperado com o empurra-empurra. Os órgãos não entravam em contato, não verificavam o que estava acontecendo. O papel de investigar não era meu, era do Conselho Tutelar e da polícia”, afirmou.
Jean também acusou os órgãos de proteção à criança de homofobia. Depois de se separar de Stephanie, ele iniciou um relacionamento com Igor de Andrade. Os dois estavam juntos quando Jean pediu ajuda à rede de proteção.
“Sempre pisamos em ovos, porque éramos dois homens. Eu queria ser olhado como uma família, mesmo sendo dois pais. Vocês não têm ideia do vazio que está lá em casa; tudo que fazemos remete a ela”, concluiu.
VEJA DOCUMENTÁRIO SOBRE O CASO folha.com/wcl5sg3v