Entenda como a computação quântica pode dar fim à internet
Geração de computadores abrirá um mundo de possibilidades, incluindo riscos
Nova york e londres | Financial Times É o chamado Dia Q —o dia em que um computador quântico robusto será capaz de decifrar o método criptográfico mais comum usado para proteger os nossos dados digitais.
O Dia Q terá implicações enormes para todas as empresas de internet, bancos e governos —bem como para nossa privacidade pessoal. E sabemos que isso um dia vai acontecer. A questão é quando.
Por enquanto, os computadores quânticos, que exploram a fantasmagórica física das partículas subatômicas, continuam a ser instáveis demais para realizar operações sofisticadas por muito tempo. O computador Osprey, da IBM, supostamente o computador quântico mais potente desenvolvido até hoje, tem apenas 433 qubits (ou bits quânticos), quando a maioria dos cientistas da computação considera que 1 milhão de qubits seriam necessários para concretizar o potencial da tecnologia. Talvez ainda estejamos a uma década de distância disso.
Mas em 1994 o matemático americano Peter Shor escreveu um algoritmo que, teoricamente, poderia ser executado em um computador quântico potente para decifrar o protocolo criptográfico RSA, o mais usado para proteger transações online. O algoritmo RSA explora o fato de que, embora seja fácil multiplicar dois números primos grandes, ninguém descobriu até agora uma forma eficiente de um computador clássico efetuar o cálculo inverso. Shor mostrou de que forma um computador quântico poderia fazê-lo com relativa facilidade. Um artigo de pesquisa recente publicado na China explorou a possibilidade de uma abordagem híbrida entre a computação clássica e a quântica capaz de adiantar a chegada do Dia Q.
Empolgadas com as possibilidades de construir o primeiro computador quântico robusto e aterrorizadas com a perspectiva de ficarem em segundo lugar, as principais potências mundiais agora estão envolvidas em uma corrida para desenvolver a tecnologia.
Os computadores quânticos não só podem ser usados para decifrar os métodos de criptografia existentes como poderão ser utilizados para proteger as comunicações em um mundo quântico —e governos, empresas e o setor de capital para empreendimentos vêm investindo fortemente com o objetivo de comercializar a tecnologia. Sam Learner, John Thornhill, Sam Joiner e Irene de la Torre Arenas
Tradução de Paulo Migliacci