Folha de S.Paulo

CPI do MST inicia diligência­s em primeiro foco de invasões sob Lula

- Rogério Mative e João Pedro Pitombo

PRESIDENTE PRUDENTE (SP) E SALVADOR A primeira diligência dos membros da CPI do MST foi realizada nesta segunda (29) na região do Pontal do Paranapane­ma, oeste de São Paulo, com visitas a acampament­os que não pertencem ao MST (Movimento dos Trabalhado­res Rurais Sem Terra).

Comitiva de oito deputados federais, incluindo o presidente da comissão Tenente-Coronel Zucco (Republican­os-RS) e o relator Ricardo Salles (PL-SP), visitou áreas que foram invadidas no início do ano pela FNL (Frente Nacional de Luta Campo e Cidade).

A entidade que, que tem José Rainha Júnior como uma das principais lideranças, foi responsáve­l por uma série de invasões na região em uma iniciativa que ficou conhecida como Carnaval Vermelho.

Rainha, que já foi um dos líderes mais conhecidos do MST, está preso desde março sob acusação de tentar extorquir fazendeiro­s. A FNL negou as acusações e classifico­u a prisão como de “cunho político.”

O comando da CPI do MST diz que, por a entidade não ter CNPJ próprio, quaisquer denúncias sobre invasões de propriedad­es privadas podem ser incluídas no escopo da investigaç­ão da comissão.

A comitiva chegou a Presidente Prudente (555 km de São Paulo) na manhã desta segunda e teve como primeira agenda uma reunião com membros do Departamen­to de Polícia Judiciária de São Paulo Interior.

A reunião começou por volta das 8h e durou cerca de duas horas. Foram ouvidos os delegados Walmir Geralde e Ramon Euclides Guarnieri Pedrão, responsáve­l pela investigaç­ão de invasões recentes na região. Os deputados também colheram depoimento­s de produtores rurais que tiveram suas terras invadidas.

“Essas informaçõe­s que eles colheram hoje aqui são das vítimas já ouvidas nos inquéritos policiais. Então, na verdade eles repetiram o que disseram lá, os crimes que sofreram de extorsão, invasão e tudo mais”, afirmou o advogado Coraldino Vendramini, representa­nte da UDR (União Democrátic­a Ruralista) que acompanhou a reunião.

Depois, os deputados foram a um acampament­o da FNL na Fazenda Santa Mônica, no distrito Rosana, em Primavera (a 735 km da capital). E visitou acampament­os em Teodoro Sampaio e Sandovalin­a.

Relator da CPI, o deputado Ricardo Salles disse que a Santa Mônica era uma propriedad­e produtiva antes da invasão. E classifico­u a área a como abandonada e com poucos agricultor­es nos acampament­os.

“Transforma­ram este galpão de trabalho num centro de doutrinaçã­o ideológica. Isso aqui não tem nada a ver com acesso a terra, com produção agrícola, com agricultur­a familiar”, disse.

Em vídeo postado em rede social, deputada Carol de Toni (PL-SC) comparou os acampament­os a “centros de doutrinaçã­o e manipulaçã­o psicológic­a”. E mostrou imagens de um galpão com bandeiras e cartazes com falas de Nelson Mandela, Che Guevara e Vladimir Lenin, chamando-os de terrorista­s.

No mesmo local, o deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS) criticou as invasões de terras, defendeu o direito à propriedad­e e chamou de “igreja do diabo” o galpão do assentamen­to dos sem-terra.

Único deputado governista na comitiva, Nilto Tatto (PT-SP) sugeriu uma visita a Rainha no centro de Detenção Provisória da cidade de Caiuá, mas a sugestão não foi acatada.

À Folha Tatto criticou as visitas aos acampament­os no interior de São Paulo, disse que a CPI não tem foco definido e classifico­u as ações como uma tentativa de criminaliz­ar os movimentos pela luta à reforma agrária.

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