Base louva protagonismo; oposição vê ‘vergonha’
brasília Parlamentares da oposição lançaram uma série de críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por ter recebido nesta segunda-feira (29) o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro.
As críticas partiram principalmente de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Eles lembraram, em tom de ironia, que uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral no ano passado proibiu peças da campanha eleitoral que relacionassem Lula a Maduro.
Um dos poucos governistas a defender a visita, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que o “Brasil volta ao cenário internacional com protagonismo”.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que Lula tem razão ao dizer que há muito “preconceito” em relação à Venezuela. “A Venezuela é um grande país. Foram solidários conosco quando Bolsonaro negou oxigênio para hospitais de Manaus”, disse.
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil na gestão Bolsonaro, ironizou o slogan “o Brasil voltou”, utilizado frequentemente por petistas. “Voltou a paparicar ditadores da América Latina e a tratá-los como ‘chefes de Estado’. Democracia para o PT é uma palavra no dicionário”, escreveu Ciro.
Para o filho mais velho do ex-presidente, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), “Lula demonstra, mais uma vez, a sua falta de compromisso com a democracia ao receber o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, acusado de crimes contra a humanidade, como assassinatos, tortura, agressões, violência sexual e desaparecimentos”, afirmou.
Para o ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS), a visita é uma “vergonha para os brasileiros” e “desrespeito” aos venezuelanos.
“O TSE determinou [em 2022] a retirada de inserções que associavam Lula a ditadores como Maduro e [Daniel] Ortega, [da Nicarágua]. Maduro é acusado de torturas, desaparecimentos, agressões e crimes contra a humanidade. Lula, ao receber Maduro, mostra que não tem compromisso com a democracia e nossos valores!”, escreveu o senador.
Outros bolsonaristas adotaram tática diferente, enviando ofícios para a embaixada dos EUA para que tome providências e prenda Maduro.
O ex-ministro do Turismo e deputado Marcelo Álvaro Antônio (PL-MG) foi um deles. Segundo ele escreveu, seu ofício comunicou à embaixada que “que Nicolás Maduro, foragido do governo americano, se encontra em território brasileiro. Solicitei que o governo americano se manifeste pela prisão de Maduro pela Justiça do Brasil”, disse o deputado.
Foram poucos os governistas que saíram em defesa da visita de Maduro. O deputado André Janones (Avante-MG) partiu para o enfrentamento com bolsonaristas. Em suas redes sociais, ele ironizou ao escrever “ain, mas Bolsonaro odeia ditadores”, em uma postagem que mostrava falas do ex-presidente louvando personagens como o ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner.
“Não quero discutir mérito sobre Maduro. Toda ação dos deputados de direita, pedindo providência dos Estados Unidos é engodo para gado. São despreparados e desesperados por like; para isso, enganam os próprios apoiadores”, escreveu o deputado.