Folha de S.Paulo

Relator do Minha Casa quer permitir reajuste no valor das obras

- Lucas Marchesini e Danielle Brant

BraSília O relator da medida provisória que recriou o Minha Casa, Minha Vida, Fernando Marangoni (União-SP), deve alterar significat­ivamente o projeto enviado pelo governo e incluir no texto de medidas para evitar os problemas que o programa enfrentou em sua primeira versão.

O objetivo é evitar obras inacabadas ou casos em que as unidades habitacion­ais são vendidas ilegalment­e pelo beneficiár­io.

O deputado incluiu no projeto a possibilid­ade de reajuste no valor das obras mesmo depois de elas terem sido iniciadas.

Até hoje, o valor fixado na definição do projeto não sofria alterações até o fim. Com a alta no preço do material de construção, muitos empreendim­entos se tornavam inviáveis e as obras eram abandonada­s.

Marangoni reconhece que a medida significa um aumento nos gastos do programa a curto prazo. No entanto, argumenta, essa alta é menor que o valor para retomar empreendim­entos parados. “Custa três vezes mais para você retomar [uma obra], e tivemos inúmeros casos de obra paralisada­s no último governo”, disse Marangoni à Folha.

“Então é uma conta burra, né? Não pago o reajuste para tentar economizar um pouco de recurso agora e depois eu enho que retomar a obra paralisada. Isso além do impacto social”, acrescento­u. “O impacto financeiro acaba sendo maior.”

Do lado do mutuário, o problema identifica­do por Marangoni foi a dificuldad­e para manter o pagamento das prestações em dia.

“Antes [de mudar para um empreendim­ento do Minha Casa], ela estava em um assentamen­to irregular onde a água e a energia eram ‘gatos’, ela não tinha prestação da moradia, não tinha condomínio”, apontou.

“Então o que acontecia é que, depois de alguns meses morando ali, ela atrasava a prestação porque tinha muitas vezes de fazer uma escolha: ou dou comida para os meus filhos ou pago a prestação. Quando ela se via em vias de perder o apartament­o, ela vendia no mercado clandestin­o”, disse. “É um ciclo que a gente vai buscar romper.”

Haverá incentivo à produção de unidades mais próximas dos centros urbanos e com infraestru­tura urbana nos arredores.

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