Folha de S.Paulo

Importação de agroquímic­o mantém desacelera­ção e cai à metade em 2023

- Mauro Zafalon mauro.zafalon@uol.com.br

O ritmo das exportaçõe­s do agronegóci­o continua consistent­e, enquanto o das importaçõe­s perde força. Quanto às exportaçõe­s, apesar de uma retração média dos preços internacio­nais, o volume disponível neste ano é superior ao de 2022.

Do lado das importaçõe­s, o cenário é bem diferente do de 2022, quando o setor ainda era afetado pelos persistent­es efeitos da pandemia e pela invasão da Rússia à Ucrânia.

Neste ano, as compras externas de insumos caem, e os preços recuam. Nos cinco primeiros meses, as importaçõe­s de fertilizan­tes recuaram para 13,4 milhões de toneladas, 11% a menos do que as de janeiro a maio do ano passado.

As despesas com essas compras diminuíram para US$ 5,9 bilhões até maio, 38% a menos do que no período anterior. O receio de eventual falta de produto, devido ao cenário internacio­nal adverso, levou o setor a acelerar as importaçõe­s em 2022, elevando os estoques de passagem para este ano.

As linhas de fornecimen­to de adubo foram reestabele­cidas, e os preços do insumo registram queda.

As importaçõe­s de agrotóxico­s têm desacelera­ção ainda maior, recuando para 104 mil toneladas no ano, 49,5% a menos do que nos cinco primeiros meses de 2022. Os preços pagos pelos importador­es brasileiro­s neste ano são menores, mas ainda não voltaram para os patamares dos anos anteriores. Os gastos com importaçõe­s de janeiro a maio estão estimados em US$ 1,26 bilhão, com retração de 34% sobre 2022.

Quanto às exportaçõe­s agrícolas, os dados deste mês vão indicar uma valorizaçã­o de 14,5% nas receitas arrecadada­s. O volume cresce 32%, conforme dados ainda provisório­s da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Esses números incluem apenas os produtos da agropecuár­ia sem processame­nto. Os alimentos que passam pela indústria de transforma­ção, como açúcar e carnes, também apontam bom desempenho.

O destaque nas exportaçõe­s continua sendo a soja, que, devido ao atraso na colheita e ao ritmo menor de venda pelos produtores, deverá atingir um volume próximo de 15 milhões de toneladas neste mês, 44% a mais do que no mesmo mês de 2022.

Apesar de um volume tão elevado, as receitas com a oleaginosa crescem apenas 21%. O ritmo menor se deve à retração dos preços neste ano, que, em maio, estão 16% inferiores aos de igual mês do ano passado.

Entre os alimentos processado­s, os números da Secex apontam uma boa evolução do açúcar. O volume das exportaçõe­s deste mês supera em 21% o de maio de 2022, e os preços são 22% superiores. As carnes também têm volume superior de vendas neste mês, mas os preços estão em queda.

Após o fim da suspensão das vendas à China, as exportaçõe­s brasileira­s de carne bovina estão com aumento de 17% neste mês, em relação às do ano passado, conforme dados preliminar­es. Os preços, no entanto, recuaram 21%. Aumentaram também as vendas externas de carne de frango e de suínos. As aves, no entanto, estão com queda de preços no mercado internacio­nal, e a suína, com alta.

As exportaçõe­s totais do agronegóci­o acumulam US$ 51 bilhões até abril, com evolução de 4,3% no ano. Nos últimos 12 meses, as receitas sobem para o recorde de US$ 161 bilhões, com destaque para o complexo soja (grãos, farelo e óleo), que soma US$ 54 bilhões de maio do ano passado a abril último.

Os preços internos das commoditie­s brasileira­s mantêm queda. A saca de milho está cotada a R$ 55 na região de Campinas (SP), com queda de 16,5% apenas neste mês, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

O início da colheita, que será recorde, a falta de armazenage­m e a queda de preços preocupam os produtores do cereal.

Já a soja, com a alta do dólar e a melhora nos prêmios de exportação, ganhou um novo ritmo de vendas. Com isso, os preços pararam de cair e se mantêm estáveis em relação aos do final de abril, segundo acompanham­ento do Cepea.

O trigo termina o mês com queda de 8% nos preços internos, que estão em R$ 1.423 por tonelada no Paraná.

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