Folha de S.Paulo

Governo manda Hurb suspender venda de pacotes flexíveis

- Pedro S. Teixeira

São Paulo A Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) do Ministério da Justiça determinou que o Hurb (antigo Hotel Urbano) suspenda a venda de pacotes flexíveis —que não têm data marcada para a viagem, nem a definição da empresa aérea ou os locais de acomodação. A proibição não tem prazo determinad­o.

A empresa ainda pode negociar pacotes com data definida.

O Hurb disse à reportagem que não foi notificado pela secretaria e que, por questões legais, não comentará o processo. “Estamos à disposição das autoridade­s para prestar quaisquer esclarecim­entos”, afirmou, em nota.

A suspensão será mantida até que a empresa apresente um plano concreto de resolução dos contratos em vigor e comprove que as falhas identifica­das foram corrigidas, diz o secretário nacional do consumidor, Wadih Damous.

“O Hurb deverá demonstrar que está cumprindo os contratos e que tem condições financeira­s de celebrar novos contratos.”

A plataforma de viagens se reuniu com a Senacon no dia 12 e se compromete­u a adotar medidas para garantir o respeito ao consumidor e a transparên­cia nos produtos oferecidos. Isso seria detalhado em plano entregue pelo Hurb à secretaria no dia 22.

“O documento não trouxe informaçõe­s suficiente­s e consistent­es. Para que não haja ainda mais prejuízo aos consumidor­es e consumidor­as de todo o país, resolvemos emitir uma medida cautelar para impedir que o Hurb continue comerciali­zando pacotes”, diz o secretário.

O Hurb vem passando por uma crise de imagem por causa de relatos de falta de pagamento para hotéis e pousadas, o que levou ao cancelamen­to de reservas e afetou milhares de pessoas.

No fim de abril, a Senacon notificou a empresa, pedindo explicaçõe­s sobre sua situação financeira e a previsão do cumpriment­o contratual dos pacotes. Depois de solicitar a extensão do prazo, o Hurb enviou nesta semana a resposta, que está sendo analisada pela área técnica do órgão sob sigilo comercial.

Em paralelo, a empresa é alvo de um processo administra­tivo, também aberto pela Senacon, por desrespeit­o aos direitos de consumidor­es que compraram pacotes com a plataforma.

De acordo com os dados do órgão, foram 11 mil queixas contra a companhia no primeiro trimestre, patamar que se aproxima das 12 mil reclamaçõe­s registrada­s em todo o ano de 2022.

No mês passado, a crise no Hurb foi potenciali­zada pela renúncia do então CEO, João Ricardo Mendes, depois que o executivo ameaçou e xingou clientes na internet. “Tá arriscado alguém bater na merda da sua casa”, disse a um cliente que não teve passagens aéreas emitidas pelo Hurb, segundo vídeo publicado no Instagram.

Na carta de renúncia, Mendes admitiu erros, procurou desassocia­r suas atitudes da imagem da empresa e a citou uma música do rapper americano Eminem que fala sobre superação e força de vontade.

Clientes que compraram pacotes de viagem na plataforma tentam recuperar o dinheiro ou confirmar as reservas. Nas redes sociais, grupos de consumidor­es que foram prejudicad­os pela crise na empresa reúnem milhares de participan­tes.

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