Folha de S.Paulo

É preciso tomar decisões difíceis enquanto ainda há fôlego

- MARTIN LUTHER 39, CEO da Biti9, startup dedicada à automação de processos e membro do Cubo Itaú Depoimento a Marina Costa

Criamos robôs para áreas administra­tivas e de suporte de empresas, como RH e estoque. Os softwares fazem tarefas repetitiva­s para que as pessoas façam atividades analíticas.

Em 2015, saí de uma multinacio­nal como executivo e pensei em vários modelos de negócio, mas estudei mais e vi que conhecer o produto não pode ser uma questão adicional.

Decidi aplicar minha experiênci­a e empreender na área de tecnologia, com a ideia de melhorar pontos que não funcionam bem no processo de compra de sistemas, baseado no que vi como gestor.

Mesmo com tecnologia­s fantástica­s, grandes corporaçõe­s demoram a ter ou não têm resultado por falta de adaptação, então definimos o propósito de oferecer soluções com baixo custo e com entrega e retorno rápidos.

Não foi difícil concluir o primeiro projeto, mas é preciso ter fluxo de caixa inicial para profission­alizar e escalar. Sem receita recorrente, focamos vender melhor e aumentamos a base de clientes, mas faltavam investimen­tos para mantermos o negócio.

Tratamos a Biti9 como o orçamento de casa e isso funcionou nos primeiros anos, porque nos permitiu começar. Mas os fluxos são diferentes e percebemos que precisávam­os aprimorar a administra­ção das finanças.

O desafio era equilibrar recursos disponívei­s e vendas para não queimar caixa, e esse foi o momento em que quase quebramos. O fluxo de caixa estava descarrila­do, havia 12 colaborado­res e não entendemos que era preciso diminuir.

Em 2018, chegamos a uma situação em que, se errássemos, não teríamos como pagar os direitos dos funcionári­os. Então, tivemos que reduzir para quatro pessoas.

Equilibram­os as contas, contraímos crédito bancário e voltamos a tracionar. Atingimos o breakeven (ponto em que o custo total e a receita total são iguais) no quinto ano e voltamos a investir parte do caixa em expansão.

É preciso tomar decisões difíceis enquanto ainda há fôlego para retomar. Não é só demitir, mas pode ser segmentar a atuação. Focamos em grandes corporaçõe­s, porque elas têm maturidade para a tecnologia e muita atividade repetitiva, então rapidament­e notam os benefícios.

A Biti9 se tornou rentável quando definimos um foco, garantimos qualidade e mantivemos clientes recorrente­s para ter uma entrada previsível de receita e assim investir em contrataçõ­es.

Hoje temos 55 colaborado­res e, em 2022, faturamos R$ 5 milhões. No ano passado, recebemos aporte de R$ 900 mil no desafio de startups Hotmart Challenge e aplicamos em pesquisa e desenvolvi­mento de tecnologia, que é o carro-chefe para novos contratos.

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Fotos Lucas Seixas/Folhapress Martin Luther é CEO da startup Biti9

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