Folha de S.Paulo

Suposto líder do PCC morto em Guarujá, no litoral paulista, dizia ser perseguido por PMS

- Paulo Eduardo Dias e Tulio Kruse

Morto em uma ação da Polícia Militar na manhã desta sexta-feira (16) em Guarujá, na Baixada Santista, Rodrigo Pires dos Santos, 40, conhecido como Danone, havia procurado a Corregedor­ia da PM há cinco meses para denunciar o que considerav­a ser perseguiçã­o policial durante a Operação Escudo. Ele foi apontado pelo secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, como um líder do tráfico de drogas na região.

Segundo a secretaria, ele e outros dois homens foram mortos após confronto com policiais militares do COE (Comandoseo­peraçõeses­peciais) em um apartament­o no bairro Santa Cruz dos Navegantes.

Santos afirmou à Corregedor­ia, porém, que atualmente trabalhava como pescador e estivador e que havia deixado a vida do crime. Ele permaneceu por 35 minutos na sede do órgão, no bairro da Luz, centro de São Paulo, para se queixar de que policiais militares do Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) teriam invadido sua casa no dia 31 de agosto.

Naquela data, policiais militares de diversas unidades, incluindo batalhões especiais da capital, de municípios da Grande São Paulo e do interior estavam na Baixada Santista após a morte do soldado da Rota Patrick Bastos Reis, 30, em 27 de julho em Guarujá.

Segundo o relato, policiais do 10º Baep, com sede na distante Piracicaba, no interior do estado, invadiram sua casa por volta das 18h40 no bairro Santa Cruz dos Navegantes, em Guarujá. Outras pessoas residiam no imóvel naquele momento. Os policiais então teriam apresentad­o um álbum de fotografia­s aos moradores, contento diversas imagens de Santos. Um dos questionam­entos era se sabiam seu paradeiro.

Danone disse ter procurado a Corregedor­ia naquele 1º de setembro, ou seja, menos de 24 horas depois da invasão, por temer por sua vida e de sua família. Segundo o documento, ele iniciou a conversa com os PMS contando ter tido passagens por furto e receptação, motivos pelo qual seria perseguido. O depoimento foi acompanhad­o por uma tenente e por um subtenente.

Procurada, a SSP confirmou a queixa. “Após apuração, não foi encontrada pela Corregedor­ia nenhuma evidência de perseguiçã­o por parte dos policiais ao indivíduo.”

A pasta da segurança ainda declarou que Danone era considerad­o foragido desde dezembro passado. A conversou com dois delegados que confirmara­m a liderança do homem na facção.

Santos foi morto junto com dois homens no mesmo bairro. Com as três mortes, chega a 26 o número de vítimas de ações da PM na Baixada Santista desde o último dia 2, quando outro soldado da Rota, Samuel Wesley Cosmo, 35, foi assassinad­o.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, Santos exercia função de liderança no PCC (Primeiro Comando da Capital). Ele teria envolvimen­to com o tráfico internacio­nal de drogas, lavagem de dinheiro e tribunal do crime, além de ter atentado contra agentes públicos. “Ele foi flagrado atirando contra uma embarcação da Receita Federal, em 2015, e era apontado como um dos responsáve­is pela morte de um sargento, em 2012”, diz trecho da nota.

Uma ficha de antecedent­es criminais mostra que Santos já foi alvo de 13 investigaç­ões policiais, entre 2003 e 2018.

Após apuração, não foi encontrada pela Corregedor­ia nenhuma evidência de perseguiçã­o por parte dos policiais ao indivíduo Secretaria da Segurança pública emnota

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